Pegadas de Jesus

Pegadas de Jesus

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

A ARTE DA GUERRA


É interessante como de algo triste, feio, sofrido ou paradoxal podemos tirar preciosas lições de vida, e até mesmo, enxergar alguma beleza. Já vi tantos exemplos de superação que, a princípio, pareciam situações irreversíveis. Portanto, estou me esforçando para aprender com a dualidade da vida: vida/morte, alegria/tristeza, paz/guerra...

Tenho acompanhado um canal no Youtube, que me chamou a atenção, e tem me prendido por horas, chamado: A ARTE DA GUERRA. Esse canal trata do universo militar e, muitos dos vídeos, são histórias e análises de guerras e operações militares especiais.

É pertinente dizer que tenho uma certa paixão por História, e que me encanto quando a mesma é contada com seriedade, entusiasmo e propriedade, o que é o caso desse canal a que me refiro. A maneira entusiasta como o "comandante" conta e analisa as situações e circunstâncias, de forma leve, com uma linguagem acessível, bem mastigada, vai me envolvendo cada vez mais.

Gosto de disciplina, sou analítica/precisa e primo por situações controláveis. Talvez por isso me chame a atenção a cultura militar. A guerra é de fato uma arte. Pena que seu produto e efeitos sejam tão nefastos.

É bem interessante a questão da articulação, das estratégias, do mistério, da formação e disposição dos componentes de guerra, das surpresas, do inusitado, da perspicácia dos agentes, além da coragem que é um dos elementos essenciais em todo processo.

Fora o combate propriamente dito que acho truculento, cruel e desumano, a arte da guerra tem sim uma beleza, na sua organização e disposição. É um jogo interessante.

Porém, EU SOU DA PAZ!

Por Socorro Melo

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

SENTIMENTALISMO TÓXICO



Podres de Mimados – as consequências do sentimentalismo tóxico, de Theodore Dalrymple, numa narração rebuscada, mas, ao mesmo tempo agradável e bem humorada, vai nos remetendo a uma realidade cada vez mais concreta e assustadora do mundo moderno.  Leitura instigante que recomendo.


“ O mundo moderno não é mau. Em alguns aspectos é bom demais e está cheio de virtudes insensatas e desperdiçadas”, diz o escritor britânico G. K. Chesterton. E continua: “ as virtudes enlouqueceram porque foram isoladas umas das outras e estão circulando sozinhas”. Theodore Dalrymple, com os exemplos apresentados ao longo do livro  Pobres e Mimados – as consequênias do sentimentalismo tóxico, dá mostras de que seu conterrâneo tinha razão.

É claro que compaixão e anseio por justiça são sentimentos legítimos. Mas, quando integrados numa compreensão idealizada demais do que é o homem, tais sentimentos tendem a se corromper. É justamente isso que acontece quando primeiro os intelectuais, e depois a população em geral, aderem à perspectiva romântica, segundo a qual o homem nasce bom, mas é transformado, corrompido por uma sociedade má. Disso decorre o raciocínio de Dalrymple “ a exibição de vícios tornou-se prova de que o homem foi maltratado. Aquilo que se considerava defeito moral tornou-se condição de vítima, consciente ou não; e, como a humanidade tinha nascido feliz, além de boa, a infelicidade e o sofrimento eram igualmente prova de maus-tratos e vitimização. Para restaurar no homem seu estado original e natural de bondade e felicidade, era necessário, portanto, uma engenharia social em larga escala. Não surpreende que a revolução romântica tenha levado à era dos massacres por razões ideológicas”.

À perspectiva romântica, o autor – que não tem crença religiosa – contrapõe a visão cristã, evidenciando de que maneira esta é muito menos sentimentalista que a secular. De acordo com Dalrymple: “ O secularista enxerga vítimas por toda parte, hordas de sofredores que precisam ser resgatados da injustiça. Nessas circunstâncias, tornou-se vantajoso – psicológica e, às vezes, financeiramente – reinvindicar para si a condição de vítima, porque ser uma vítima é ser beneficiário da injustiça. É por isso que tantas pessoas altamente privilegiadas,que, segundo os padrões de todas as populações que já existiram, levam uma vida de conforto, liberdade e possibilidade extraordinárias, reivindicam a condição de vítimas”.

Na visão cristã, a tolice e a maldade são reconhecidas como partes indissociáveis da condição humana, que variam apenas em grau entre os indivíduos. Justamente por isso, “é possível para alguém que acredita no pecado original, o mais útil de todos os mitos, ser perceptivo e compassivo ao mesmo tempo”. Já quem acredita na bondade natural da humanidade, que perdoa tudo porque afirma entender tudo, tende a se tornar indiferente e insensível.  A leitura do livro deixará evidente a estreita relação que há entre sentimentalismo e brutalidade. (Fonte:É Realizações-Editora).

“O sentimentalismo é o progenitor, o avô e a parteira da brutalidade”
Theodore Dalrymple.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

OLHAR FURTIVO



Foi somente um olhar. Um olhar furtivo. Custava crer no que eu estava vendo. Já se passara tanto tempo, penso que mais de 30 anos. Ele estava lá, bem na minha frente. Tão diferente e tão igual. Cabelos agora grisalhos, mesmo porte atlético, mesmo semblante sério e misterioso.

Parecia que um vento muito forte e impetuoso abalara minhas estruturas: passado veio à tona, emoções afloraram, um gigante se levantara. Por um fração de segundo me transportei ao passado. Naquela mesma rua, naquele mesmo lugar, uma linda página da minha história tinha sido escrita. Uma história curta, porém, carregada de grande sentimento.

E aqueles sentimentos - parecia-me -  estavam ali, pululando, como se houvesse esperança depois das reticências. Nem precisou nossos olhos se cruzarem.

E lá estava eu, num remoto passado, tão apaixonada. A lembrança das ditas "loucuras de amor" faziam-me estremecer. Aquelas noites estreladas, os passeios de mãos dadas, a espera pelos próximos encontros, o aconchego dos seus braços, os beijos carinhosos. Tudo que estava guardado a sete chaves, estava na lembrança agora, a memória me traíra.

Difícil foi dar o passo seguinte, sair da cena. Cena que se desfez tão rapidamente. Não imaginava que as marcas eram tão profundas.

Lembranças doces. Doces lembranças. Nada mais. Que bom saber que posso acessá-las quando quiser, pois é minha história! 

E fico pensando no poder que um simples olhar, furtivo, pode ter sobre nós!

Contos, SMelo