Pegadas de Jesus

Pegadas de Jesus

domingo, 18 de setembro de 2016

ADEUS


Não é fácil. Não é fácil dizer adeus. Não é fácil se despedir para sempre de alguém que fez parte da minha vida. De alguém que vi crescer, que fez parte das minhas brigas e brincadeiras.

Parece que ficou um buraco, como quando se retira uma peça de um quebra-cabeças. Nenhuma outra peça consegue tapar aquele buraco.

Parece que a pessoa se agigantou e de alguma forma se tornou mais presente na minha vida, só que de uma forma dolorida. Há uma inquietude, uma busca desassossegada. Tudo lembra a pessoa. Os lugares por onde pisou se tornam sagrados, as palavras que disse são lembradas com reverência, e nem consigo mais lembrar dos seus defeitos. Daria qualquer coisa para tê-la de volta, mesmo que fosse me contrariando.

Fico imaginando onde estará. Como tem se saído. A lembrança se mistura com a dor da perda. O sofrimento faz reconhecer-lhe a dignidade. E ela se agiganta. Se entranha nos pensamentos. Se olho o céu ou o sol ela está lá. Quase posso ouvir sua voz no rugir do vento...

Arrependo-me de não ter amado mais. De não ter dito tanta coisa. Ou de ter sido intransigente. Das críticas que fiz, da paciência que faltou, do sorriso que não dei...

Os dias se sucedem lentamente. O sol brilha e torna a se esconder. Procuro em vão por uma esperança no crepúsculo. Vejo e não vejo. Queria conhecer o seu mistério.

Pensei que tivesse perdido suas sementes, àquelas que o semeador jogou no sol do seu coração. Mas, não. Com muita surpresa pude vê-las brotar, tímidamente. Até senti vergonha de mim mesma. Talvez eu mesma não tenha produzido frutos tão doces.

Ah, mas é tão difícil saber que nunca mais... Não, nunca mais não, um dia... Naquele dia eterno...

Até lá ficarei imaginando como estará. Ficarei pensando na surpresa que teve em ser tão amado. E imaginando como foi tão bem acolhido. Sentirei saudades.

Eu sei, que conheceu antes de mim uma realidade para a qual eu me preparo, Fez a grande viagem para dentro de si mesmo, ao encontro da Verdade. Mas, não é fácil. Não é fácil dizer adeus. Nada consegue preencher o vazio que a sua partida deixou no quebra cabeça da minha vida. E eu nunca imaginei que pudesse doer tanto. Adeus, meu irmão! Que Deus te aconchegue no seu grande amor e inefável coração.

Socorro Melo

Em homenagem e memória do meu irmão José Célio de Melo
* 01/06/1971
+ 10/09/2016

4 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Boa noite, querida amiga Socorro!
Que Deus console seu coração e o que dentro da gente menos quer é perder um irmão da gente...
Deus lhe dê o consolo!
Bjm muito fraterno

chica disse...

Meus sinceros sentimentos,Socorro! Essas perdas mexem demais conosco! Fiquem bem tu e toda família! bjs. chica

Élys disse...

A vida é assim, mas estes momentos são muito dolorosos, porém o tempo vai aos poucos suavizando esta dor, até que um dia se reencontrarão. Peço a Deus que console o seu coração e abençoe muito o seu irmão.
Um terno abraço,
Élys.

Socorro Melo disse...



Obrigada, amigas Rosélia e Chica, e amigo Élys, pelo carinho e palavras de consolo.


Paz e luz pra todos nós!