Pegadas de Jesus

Pegadas de Jesus

sábado, 19 de agosto de 2017

EU FALO DE MIM


Faltam poucos dias para o meu aniversário. Tenho pensado numa maneira nova e divertida de comemorar essa idade nova. Sempre achei que é muito importante festejar e celebrar a vida, pois, não há bem maior. Quando digo festejar não me refiro a grandes festas, banquetes, viagens memoráveis, nada disso. Tudo isso é opção, dentro do contexto e da realidade de cada momento. Mas,digo festejar, como uma conscientização plena do que é a vida verdadeiramente.

Sou feliz por estar aqui, por existir. É muito bom viver. Sou grata ao Criador por ter me pensado e criado com tanta perfeição. São tantas as capacidades, habilidades e talentos com que me dotou. E é tão grande a sua assistência no decorrer de todo meu tempo de vida. Não me canso de agradecer.

Na minha trajetória de 55 anos já vi muita coisa. Já vivi inúmeras dificuldades. Já superei muitas situações complicadas, e tive a graça de aprender com elas. Já senti grandes alegrias. Já ousei empreender projetos, que se não foram grandes, pelo menos foram importantes, e me sinto realizada.

Tive muitas oportunidades, de conhecer pessoas e lugares, de lê muitos e bons livros, de apreciar  arte e música de qualidade, de saborear um bom vinho, de dar boas risadas, de me extasiar com a natureza, enfim.

Gosto de conhecer, de saber, de me inteirar da História. Gosto de pessoas. Penso que cada pessoa é um mistério a ser desvendado. Entendo que o melhor da vida é viver em harmonia, interagindo, exercendo solidariedade, cambiando experiências de vida. Até mesmo as pessoas que nos decepcionam nos ensinam algo, pois, a partir delas fazemos nossas escolhas com mais clareza.

Acredito no amor e o escolhi como estilo de vida. Respeito a escolha e a opção de vida de cada um, apesar de nem sempre concordar com seus pontos de vista. Tenho minhas preferências. Ás vezes a humanidade me decepciona, e chego a pensar que não tem jeito, mas, tento um novo olhar e quero crer que um dia o ser humano aprende a conviver civilizadamente.

Não gosto de expor minha vida pessoal. Prezo a minha intimidade. Só torno público aquilo que é comum. Não debato em redes sociais as minhas preferências políticas, nem me deixo enredar em assuntos polêmicos. Exerço com responsabilidade a minha cidadania.

Tenho sonhos. Tenho projetos de vida. Mas, hoje, esses sonhos e projetos são mais realistas. Realizei muito do que sonhei, e recebi mais do que pedi a Deus.

Do alto dos meus 55 anos, posso ver a vida como ela é. Sei que a situação do mundo é mais dramática do que parece ser. Sei o quanto a ignorância permeia as sociedades. Sei o quanto somos manipulados e com quanta injustiça podemos ser tratados. Sei que o bem convive com o mal, e me assusta compreender que existam mentes tão perversas no controle da humanidade.

Aprendi que vai chegar um momento em que a minha felicidade consistirá apenas em estar viva. Que vou depender das pessoas para viver ou  sobreviver. No entanto, sei que as amizades que construí vão me fortalecer e que tudo que eu investi em mim mesma vou carregar pra sempre.

Ainda há uma inquietude. Eu gostaria de fazer mais. Ás vezes me sinto inútil, pois, percebo que fiz tão pouco. Há tanto ainda a vencer na minha natureza. Quero ser mais desprendida, mais acolhedora, crescer mais como ser humano.

Guardei o melhor para o final. Eu tenho um trunfo, um tesouro. Ao longo da vida o persegui. Por vezes quase o perdi de vista. E tem sido ele que me alimenta, encoraja e dá força para que eu empreenda essa jornada: minha fé.

Sou cristã, e este é o meu maior distintivo. Procuro a cada instante da minha vida viver o que recomenda o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Creio na ressurreição e na vida eterna. E se não cresse, faço minhas as palavras de Ariano Suassuna, seria uma desesperada.

É o que tenho pra hoje. E continuo pensando um jeito de celebrar a vida, sem glamour. Pois o que quero mesmo é viver com simplicidade. A vida é agora, é o meu presente.

Desejo paz a todos que aqui passarem!

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

VULGARIDADE

Nunca se viu um número tão grande de música (música?) vulgar e sem qualidade como o que se vê atualmente. E o que mais me admira, ou assusta, é que o público ouvinte é bem diversificado. Se fossem apenas os jovens, sem cultura, que gostassem, eu tentaria entender, no entanto, fico pasma com a quantidade de pessoas, adultas e até idosas, que apreciam a baboseira que se lança por aí.

Não sei se devo sentir raiva ou pena. Pelo tipo de música que uma pessoa gosta, pode se identificar muito da sua personalidade.

A falta de criatividade e de poesia nas letras, do que se canta, é impressionante, sem falar que o ritmo é um só, e não existe, portanto, melodia. Mas, para qualquer novo “talento” que se lance no mercado, seguem-no multidões.

Os tais “talentos” lançam moda. Aquilo que usam nos shows é copiado por muitos fãs, com grande orgulho. Estilos de danças são criados a cada momento, cada um mais vulgar que o outro. E,  comumente vemos idosos e pessoas  aparentemente equilibradas, remexendo-se de forma obscena, em qualquer lugar público, ao  escutarem os tais sucessos.

Tudo é exagerado. Tudo é apologia ao sexo explícito. As pessoas cantam, naturalmente, em público, alguns refrões pejorativos, que eu me envergonharia de fazê-lo. Mas é a moda. É o que há de mais moderno. Perdeu-se a noção do ridículo.

Vulgaridade. No dicionário um dos significados do termo vulgaridade é: aquilo que não tem nada que o faça destacar-se, e também, que não se distingue dos seus congêneres. 

Estes significados nos fazem pensar duas coisas: primeira: o que ou quem, não tenha nenhum valor, não tendo o que oferecer, quando se arvora em fazê-lo, o resultado é semelhante ao nosso assunto em questão. O vulgar é comum, não aparece, não brilha, não se distingue. A segunda versão é: será que o dicionário precisa ser atualizado? Pois, o vulgar tomou proporções excepcionais, está em evidência, tem seu brilho próprio, e se distingue, claramente, de tudo o que se possa imaginar. Infelizmente, de forma vulgar.

Certo dia fiz uma pequena viagem, num transporte alternativo, e o condutor do veículo colocou um DVD
(cortesia aos seus clientes) de uma coletânea de shows dessas bandas vulgares, que eu abomino. Como não tive opção de não ver, e de não ouvir, relaxei, e passei a observar, sentindo que me enojava a cada nova apresentação.

A vulgaridade começa pelo figurino. Depois veem as danças, os cenários espalhafatosos, e concluindo, as letras depreciativas.

Em um dos tais shows, me chamou a atenção uma mulher, que fazia parte do coro de uma das Bandas. Sem exageros de minha parte, ela deveria pesar uns noventa quilos aproximadamente. Era jovem, tinha um cabelo bonito, mas envergava um mini vestido, tão mini e tão justo, que eu sinceramente, não sei como ela conseguiu entrar nele, ou ele nela. Pernas de fora... e pronto, perfeito! É o que o público gosta. Fiquei chocada.

O que vi, foi algo desagradável e sem harmonia. Repito: perdeu-se a noção do ridículo. No meu entender, o que deve se sobressair num show artístico é a arte, no caso em questão, a música, e não os artistas. É lógico que devem cuidar da aparência, mas essa, deveria ser simples, pois o simples é belo e elegante. Entanto, nesse caso, não me surpreendo, pois a ineficiência e o mau gosto andam de mãos dadas.

E indignada percebi, enfim, que esses aparatos, esses modelos radicais, são subterfúgios para disfarçar a má qualidade do que se tem a oferecer. Em contrapartida, os bons músicos, aqueles que são de fato talentosos, enfrentam um sem número de dificuldades para se firmarem na carreira, e divulgarem os frutos do seu trabalho, ressalte-se: de  boa qualidade. Cada dia me decepciono mais com o que se chama cultura no Brasil.

Por Socorro Melo