Pegadas de Jesus

Pegadas de Jesus

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A MORTE DO MATADOR

 


Imagem do Google


Ôxente! Vixe que saudade  d'ocês todos! Vou deixá um poeminha, danado de bom, pra ocês curtirem.

 "A Morte do Matador"


Eu num gosto dessa história
Que agora eu vou contá
História de valentia
De brabeza e de fuá
História de muitas morte
"Pru" muita farta de sorte
eu só morri no "finár".

Eu nasci "ditriminado"
A ser grande atiradô
"Ditriminado" a ser "brabo"
"Espaiadêro" de "horrô"
"Sapecadô" de bofete
"Brigadô" de canivete
Faca, peixeira e facão
Trinchete, foice e enxada
De revolver e espingarda
Metralhadora e canhão.

Eu nasci "desaprovido"
Dos lado que todos têm
Num tenho lado criança
Lado mulé, nem do bem
Só tenho um lado abusado
E não fico sossegado
Do lado de seu ninguém.

Confesso, sou injuado
Mais sério do que defunto
Num sou de trocar risada
Num sou de puxar assunto
Num fujo da "bandidage"
E tendo mula "selvage"
Se for pra muntá eu munto.

Já matei vinte valente
Matei uns dez valentão
Uns vinte e tanto safado
Uns oitocentos ladrão
De traideiro, um punhado
De vigarista afamado
Num me lembro, uma purção.

Eu inté perdi a conta
De quantos tiro já dei
Mas as bala que "cuspiro"
"Chegaro" adonde mirei
Pra não "dizere" a "bobage"
Q'eu falo muita "vantage"
Uns, dois ou três eu errei.

O dia que eu morri
Foi quando tu me "olhô"
Todas "fulôre" que "chêra"
Naquele dia "cheirô"
Todas estrela que "bria"
Naquele dia "briou"
As "passarada" que canta
Naquele dia cantô
Todo "brabo" que não chora
Naquele dia "chorô"
Porque todo "amô" que mata
Naquele dia matô.

"Pru" riba de tantos causo
Sei que morrê não mereço
Tô no céu, tô nos teus braço
De quaje nada padeço
Por isso a partir "dagora"
Só vou contá minha história
morrendo já no começo.

Jessier Quirino

quarta-feira, 22 de junho de 2011

SALVE, MEU NORDESTE!



Imagem do Google

Cultivado entre os cascalhos do chão seco e as cercas de aveloz que se perdem no horizonte, cresceu, forte e robusto, o meu orgulho de pertencer a esse pedaço de terra chamado Nordeste.

Sou nordestino. Nasci e me criei correndo de boi brabo, brincando com boneca de pano, comendo goiaba do pé e despertando com o primeiro canto do galo para; ainda com os olhos tapados de remela, desabar pro curral e esperar pacientemente, o vaqueiro encher o meu copo de leite, morninho e espumante, direto das tetas da vaca para o meu bucho.

Sou nordestino. Falo oxente, vote, e danou-se. Vige, credo, Jesus-Maria-José! Proseio mi, a língua ligeira, que engole silabas e atropela a ortoépia das palavras. O meu falar é o mais fiel retrato. Os amigos acham até engraçado e dizem sempre que eu “saí do mato, mas o mato não saiu de mim”. Não saiu mesmo! E olhe: acho que não vai sair é nunca”!

Sou nordestino. Lambo os beiços quando me deparo com uma mesa farta, atarracada de comida. Pirão, arroz-de-festa, galinha de capoeira, feijão de arranca com toucinho, buchada, carne de sol… E mais uma ruma de comida boa, daquela que quando a gente termina de engolir o suor já está pingando nos quatro cantos. E depois ainda me sirvo de um bom pedaço de rapadura ou uma cumbuca de doce de mamão, que é pra adoçar a língua. E no outro dia, de manhãzinha, me esbaldo na coalhada, no cuscuz, na tapioca, no queijo de coalho, no bolo de mandioca, na tigela de umbuzada, na orêa de pau com café torrado em casa!

Sou nordestina. Choro quando escuto a voz de Luiz Gonzaga ecoar no teatro de minhas memórias. De suas músicas guardo as mais belas recordações. As paisagens, os bichos, os personagens, a fé e a indignação com que ele costurava as suas cantigas e que também são minhas. Também estavam (e estão) presentes em todos os meus momentos, pois foi em sua obra que se firmou a minha identidade cultural.

Sou nordestino. Me emociono quando assisto a uma procissão e observo aqueles rostos sofridos, curtidos de sol do meu povo. Tudo é belo neste ritual. A ladainha, o cheiro de incenso. Os pés descalços, o véu sobre a cabeça, o terço entre os dedos. O som dos sinos repicando na torre da igreja. A grandeza de uma fé que não se abala.Sou nordestino. Gosto de me lascar numa farra boa, ao som de xote ou do baião. Sacolejo e me pergunto: pra quê mais instrumento nesse grupo além da sanfona, do triangulo e da zabumba? No máximo, um pandeiro ou uma rabeca. Mas dançar ao som desse trio é bom demais. E fico nesse relabucho até o dia amanhecer, sem ver o tempo passar e tampouco sentir os quartos se arriando, as canelas se tremelicando, o espinhaço se quebrando e os pés se queimando em brasa. Ô negocio bom!

Sou nordestino. Admiro e me emociono com a minha arte, com o improviso do poeta popular, com a beleza da banda de pífanos, com o colorido do pastoril, com a pegada forte do côco-de-roda, com a alegria da quadrilha junina. O artista nordestino é um herói, e nos cordéis do tempo se registra a sua história.

Sou nordestino. E não existe música mais bonita para meus ouvidos do que a tocada por São Pedro, quando ele se invoca e mete a mãozona nas zabumbas lá do céu, fazendo uma trovoada bonita que se alastra pelo Sertão, clareando o mundo e inundando de esperança o coração do matuto. A chuva é bendita.
 
Sou nordestino. Sou apaixonada pela minha terra, pela minha cultura, pelos meus costumes, pela minha arte, pela minha gente. Só não sou apaixonada por uma pequena parcela dessa mesma gente que se enche de poderes e promete resolver os problemas de seu povo, mentindo, enganando, ludribiando, apostando no analfabetismo de quem lhe pôs no poder, tirando proveito da seca e da miséria para continuar enchendo os próprios bolsos de dinheiro.

Mas, apesar de tudo, eu ainda sou nordestino, e tenho orgulho disso. Não me envergonho da minha história, não disfarço o meu sotaque, não escondo as minhas origens. Eu sou tudo o que escrevi, sou a dor e a alegria dessa terra. E tenho pena, muita pena, dos tantos nordestinos que vejo por aí, imitando chiados e fechando vogais, envergonhados de sua nordestinidade. Para eles, ofereço estas linhas.
 
Jornalista Sheila Raposo.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O MEU OLHAR

Imagem do Google

Que se passa, ó Deus, com o meu olhar?
Que há muito, já não vê as mesmas cores...
Que se esquiva, ante tantos dissabores...
E se recusa à maldade observar.


Meu olhar, que já muito se encantou...
Com o sublime esplendor da natureza
E hoje, se entristece, com certeza;
Com o rumo que a devastação tomou


Quão indigno é ver rios poluídos
E crianças sendo tão desrespeitadas
O terror se espalhando pelo mundo...


E o planeta, que foi sempre tão fecundo...
Perecendo por causa das queimadas;
Agonizando, ante o meu olhar sofrido.


Socorro Melo

quarta-feira, 15 de junho de 2011

BLOGAGEM COLETIVA - FASES DA VIDA - JUVENTUDE


                                      
Idealizadoras:

Rosélia do http://espiritual-idade.blogspot.com/
Gina do http://nacozinhabrasil-gina.blogspot.com/
Rute do http://publicarparapartilhar.blogspot.com/




Enfim, somos jovens. Adultos jovens. Nessa fase já podemos responder por nossas ações, ou pelo menos deveríamos. A vida nos oferta, neste momento, o maior e melhor presente: a liberdade. E quando juntamos responsabilidade com liberdade, significa que ganhamos asas pra voar.

Fase dos grandes vôos, dos direcionamentos, dos sonhos, da formação, dos grandes amores, das paixões desenfreadas, dos arroubos, das festas, das viagens...
Minha juventude foi maravilhosa. Vivi momentos intensos: de alegrias, de aventuras, de descobertas, que me marcaram com fortes emoções.

O Colégio foi o palco de muito do que vivi. É fantástico recordar os amigos, as atividades que fazíamos juntos, as brincadeiras, os jogos escolares, as aulas de música, as gincanas, as festas juninas, tudo era mesmo uma grande festa.
Participei, nessa época, do Rotaract Club (clube de jovens do Rotary) que é uma Instituição Filantrópica, e me engajei em várias campanhas solidárias, e pude tirar desses momentos, grandes lições para a vida.

Fui membro/líder de grupos de jovens na Igreja Católica, por vários anos, e tudo que vivi e que aprendi, tem um valor inestimável, e somou-se à minha vida em forma de virtudes.

Em um dos grupos que participei, a nossa rotina era bem dinâmica. Foi aí onde de fato comecei a falar em público: dava pequenas palestras para jovens. Animávamos as nossas reuniões com jogos e recreações divertidíssimas, e ainda encenava, pois, tínhamos um grupo teatral bastante dedicado e carismático. Em suma: fui palestrante, animadora e atriz , e ainda cantava no Coral (se bem que no Coral eu só fazia número mesmo). KKK

O gosto pelas viagens começou na juventude. Fiz muitas excursões e passeios com amigos, e conheci muitos lugares lindos, aqui do Nordeste do Brasil.

Recordo com saudade a época dos bailes, das discotecas... Ainda se podia curtir, numa festa, música de qualidade. O repertório era recheado de vários ritmos, do forró ao frevo – que fazem parte da nossa cultura regional – sem esquecer o bom samba, e a música romântica. Um sonho.

Convivi com uma geração de jovens ajuizados, cheios de boas intenções (salvo as exceções), com objetivos e ideais. A grande maioria trabalhava e estudava, concomitantemente. Tínhamos sonhos e buscávamos realizá-los. Havia compromisso com os estudos, com a família, e respeito pela pessoa humana.

Que saudade da minha juventude linda! Confesso que essa “viagem” me arrancou lágrimas dos olhos... sniff!  :o( 
E foi assim.





terça-feira, 14 de junho de 2011

QUE ESPÉCIE DE AMIGO EU SOU?!



Imagem do Google

Carlinda e eu morávamos na mesma rua, freqüentávamos a mesma escola, e ambas éramos pobres. O tempo passou e cada uma tomou seu rumo. E Carlinda, após algumas tentativas frustradas de ingressar no curso de Medicina, optou pelo Comércio, e se deu bem. Construiu um patrimônio considerável, fruto de seu trabalho árduo. Cuidou bem de sua família. No entanto, certo dia, uma tragédia se abateu sobre ela e sua família. Os amigos se achegaram, foram solidários, choraram a sua dor, e dividiram o que tinham. Depois da tragédia, Carlinda ficou desestruturada, precisava recomeçar, mudar de ramo, pois as conseqüências da tragédia foram devastadoras. Era difícil se decidir, pois, havia muitos fatores negativos que pesavam na sua decisão. Os amigos sugeriram, se dispuseram, mostraram determinados ramos, mas Carlinda não acolheu, foi taxativa e até indelicada, afirmando que “aqueles ramos de negócio” não estavam à sua altura. Queria mais. Algo grandioso. E nessa grosseria até menosprezou as atividades de alguns amigos, que obviamente se sentiram ofendidos.

Conheci Martins na Faculdade. Tinha uma mente brilhante, era inovador, cheio de sonhos, de ideais, ambicioso... Também era pobre. E também enveredou para o Comércio. Construiu um modesto império. E foi vítima de uma grande desventura. Infortúnio que lhe arrancou o chão de sob os pés. Antes, era dado a festas, encontros, e vivia rodeado de amigos. Disse-me sua mulher, que quando a desgraça se abateu sobre eles, abalando suas finanças, houve dias que não tinham sequer o que comer, pois, o dinheiro sumira como fumaça ao vento. E os amigos? – Perguntei. Que amigos? – respondeu ela – Pois foi aí que descobrimos que não tínhamos nenhum. Ninguém apareceu para prestar solidariedade, ao contrário, parece até que se arvoraram em emitir julgamentos, subestimando nossa dor.

São duas histórias reais, que têm certa semelhança, e desfechos diferenciados. Obviamente os nomes são fictícios. Em mim, estas duas histórias causaram indignação. É difícil entender como um ser humano, que atravessa grandes dificuldades, consegue se deixar levar pelo orgulho, a ponto de até humilhar os amigos, que tentam ajudá-lo, como fez Carlinda. Nem mesmo o terror da tragédia, foi suficiente para lhe incutir a luz da humildade. A arrogância se inflamou, deixando perplexos os amigos.

No segundo caso, me enoja a hipocrisia e a covardia, de alguns seres humanos, que se dizem amigos, que compartilham dos bons momentos, mas que na hora da aflição, do clamor, se retiram de cena, e deixam o desgraçado sozinho, à mercê da própria sorte.

A amizade é uma das faces do amor. E a mais apropriada definição que concebo para o amor, é que: Ele tudo crê, tudo espera, tudo suporta - como dizia São Paulo. Se formos amigos, de verdade, não importa o que o outro fez ou faz e não precisamos comungar com suas ações, mas, devemos ter a decência de estender-lhe nossas mãos, na hora da dor, assim como nos fizemos presentes em sua vida, na hora da alegria. Devemos honrar nossos valores, sermos corajosos, autênticos, e remover montanhas em nome da amizade. Se assim não procedermos, é porque de fato, a amizade nunca existiu.

Penso que a nossa verdadeira riqueza é a interior. Assim como Carlinda e Martins, todos estamos sujeitos às tragédias da vida. Que sejamos humildes, solidários e autênticos. É menos doloroso atravessarmos o vale de lágrimas quando nos sentimos confortavelmente amparados por mãos amigas, e temos ombros onde recostar a cabeça. Pensemos nisso.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

MINHAS BODAS DE "PALHA"


Imagem do Google

Onze de Junho. Nossas Bodas de Palha. São vinte e tres anos de caminhada, de partilha, de momentos intensos, de emoções fortes. Nem sempre foi um mar de rosas, também houve tempestades, mas, o importante é que superamos todas, aprendemos com as quedas, nos firmamos, e vamos amadurecendo juntos, a cada dia, e descobrindo que o amor tudo crê, tudo suporta, e tudo espera.

Cantemos e celebremos à vida, ao amor, e à paixão, presentes e dons, que Deus nos concedeu e nos concede continuamente.

Com todo meu amor e carinho, dedico ao meu marido, neste dia especial, o singelo poema:

PAIXÃO

Por Socorro Melo


Arroubos... Insensatez... Provoca-me essa paixão
E delirante flutuo ao sabor da tentação
Vou as nuvens, toco o céu, rodopio suavemente
Nessa dança graciosa, sutil, etérea e ardente...


Delicada, leve e solta, vai tremulando ao vento...
A loucura, irresistível, que me invade o pensamento
Na fantasia mergulho, sem amarras, sem pudor...
E me enlevo fascinada, nas delícias deste amor.



Estremeço, arrepiada, ao toque de tua mão
E deslizo lentamente, qual uma bolha de sabão
O brilho do teu olhar, tão docemente me afaga...



Qual duas pérolas negras de fulgor estonteante
Instigam-me nessa emoção e me perco por instante
Nessa paixão, doce vinho, que decerto me embriaga.




quarta-feira, 8 de junho de 2011

VEIO D´ÁGUA

Imagem do Google

Olá, gente!


Que bom que vieram! Sei que ando sumida, não tenho visitado os Blogs amigos regularmente, mas, garanto-lhes que é por falta de tempo. Estou numa correria tremenda. Tenho agora um terceiro expediente, que tem me tomado todo o tempo livre, mas, espero que seja apenas uma fase, e que logo, logo, possa colocar minha vida em dia.

Deixo-lhes um poeminha singelo, e espero que gostem.



Veio d'água

Por Socorro Melo


Ouço o riacho que corre a cantar
Tão belo e faceiro em busca do mar
Avança ligeiro por sobre o seu leito
Transpondo barreiras, impondo seu feito.



Das margens o saúdam as árvores frondosas
E as flores silvestres, pequenas, mimosas...
O riacho prossegue em gentil correnteza
Cantando e encantando com a sua beleza


Saudade, por certo, em meus olhos brilhou
Pois qual veio d’água em torrentes brotou
Uma doce quietude, em meu peito se faz...



Na fonte, se agita, a água tão pura...
Inunda minh’alma de grande ternura
Olhando a nascente, transbordo de paz.




Dedicado a minha amiga Evinalda Araujo

segunda-feira, 6 de junho de 2011

PÁTRIA MADRASTA VIL



Imagem do Google


Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência. .. Exagero de escassez... Contraditórios? ? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e friamente sistematizada - de contradições.
Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil.', mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está mais para madrasta vil.
A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira'. Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra... Sem nenhuma contradição! É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem!
A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão.
Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta - tão confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)... Mas estão elas preparadas para isso?
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.
Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos.
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas. Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente... Ou como bicho?
***

Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel, de 26 anos, estudante que termina faculdade de direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil estudantes universitários.

Ela acaba de voltar de Paris, onde recebeu um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por uma redação sobre 'Como vencer a pobreza e a desigualdade'

A redação de Clarice intitulada `Pátria Madrasta Vil´ foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da UNESCO.