Ah, que saudade do meu cantinho, e dos meus amigos! Como me fazem falta!
Meus queridos amigos e minhas queridas amigas, paz e bem a todos!
Sintam-se abraçados pelo carinho da minha amizade...
Deixo-vos uma história, baseada em fato real, que muito me emociona, e que tanto me ensinou.
A FESTA DA PROFESSORA
Nunca me sentira tão
humilhado. Eu era só uma criança, e nem sabia o que era, de fato, humilhação,
mas, sentia algo ruim, que me deixava triste, impotente, inquieto e ansioso...
E aquilo me incomodava.
Interceptei a
professora no corredor, quando ela dirigia-se á sala de aula:
- Professora!
Ela se voltou e parou
para me escutar.
- Quero dar-lhe os
parabéns pelo seu dia. Eu gosto muito da senhora.
Sorrindo ela agradeceu
e afagou-me os cabelos. Com a mão conduziu-me à sala de aula, mas eu parei e
disse que não podia ir.
- Por que não Severo? –
Perguntou.
Eu tentei inventar uma
história, mas, com nove anos, e acostumado a dizer a verdade, acabei
confessando:
- É que hoje, a turma
vai dar-lhe uma festa, em comemoração ao dia do Professor.
- E você não quer
participar?
- Bem, querer eu até
quero, mas não posso.
- E por que não? - Perguntou
interessada.
- É que eu não pude dar
a minha contribuição para a festa. Coube-me trazer um quilo de açúcar, mas,
minha mãe me disse que não podia disponibilizar toda essa quantia, pois, faria
falta em casa. Por isso os colegas não
me deixaram entrar na sala, para a festa. E eu a aguardei no corredor, para lhe
parabenizar.
A professora olhou-me
terna e longamente, enxugou algumas lágrimas que surgiram repentinamente dos
seus olhos, deu um sorriso, e perguntou:
- A festa é pra mim?
- É – Respondi.
- Então venha comigo.
- Obrigada professora,
mas, não posso. Não me deixarão entrar.
- Venha comigo Severo,
disse ela, pois se não deixarem você entrar, eu também não entro.
E guiou-me pelo
corredor em direção à sala...
Eunice era o seu nome.
Nome de anjo. Será mesmo que existe algum anjo chamado Eunice? Bem, pra mim ela
era um anjo sim, e isso bastava. Sabia da minha precária condição financeira, e
de outros tantos colegas. Talvez por eu ser espirituoso, alegre, brincalhão,
mas acima de tudo dedicado aos estudos, ela me tinha grande estima. Sempre me
presenteava com lápis, borrachas, cadernos, e até livros... Curioso é que esses
presentes normalmente chegavam quando o meu material estava se findando. Eu
entendia, na ocasião, que ela lia meus pensamentos, e por isso sabia das minhas
necessidades. Não alcançava a idéia de que a maturidade e as experiências da
vida trazem sabedoria.
Entramos na sala, eu e
a professora, de cabeça erguida. Na verdade só ela estava de cabeça erguida,
pois eu estava cabisbaixo, esperando o momento de ser enxotado da sala, o que
não aconteceu. Os colegas apenas riram e disseram que eu era “peixinho”
da professora.
A festa ocorreu em
clima de alegria, e a professora aproveitou o momento para nos contar uma
história. Essa história enaltecia a grandeza da acolhida, e principalmente, a da
partilha sincera, da superação do egoísmo. Falou-nos de solidariedade.
Agradeceu a homenagem e ficou ali, conosco, degustando os doces e salgados que
foram feitos tão carinhosamente para ela..
Devorei suas palavras
como se fosse um manjar, e a admirei ainda mais, pois, naquele momento, ela
incutiu na minha mente e no meu coração, que o meu valor como pessoa humana
consiste no que eu era e não no que eu tinha.
O seu gesto de amor
dissipou a humilhação que eu sentira, e ensinou-nos a grandeza do amor ao
próximo. Àqueles que antes me impediram de entrar, vieram ao meu encontro, e me
pediram perdão. Perdoei facilmente, como toda criança. Entanto, nunca me
esqueci desse episódio de minha vida.
Muitos anos se
passaram: trinta anos... Talvez mais. E hoje, eu a encontrei na rua. Caminhando
a passos lentos, mas firmes, elegantes. Os cabelos já totalmente brancos, conferindo-lhe
um ar de sabedoria. E dirigiu-me o mesmo olhar de ternura, e o mesmo sorriso, próprio
daqueles que sabem amar. Fiquei emocionado, quando a abracei. E fiquei a pensar
em como é grandiosa a missão do educador, pois, além da transmissão do
conhecimento, tem a oportunidade de auxiliar na formação do caráter do
educando, na elevação da sua auto-estima, repassando a primordial assertiva, do
valor da pessoa humana.
Eunice... Será mesmo
nome de anjo? Talvez...
6 comentários:
Oi, Socorro.
Que lindo texto, digno de uma volta sua.
Não se afaste mais. É sempre bom ler você.
Beijo!
Minha linda flor, que saudades!!!
Fiquei feliz de entrar agora e ver que vc postou algo, ebaaaa :)
Bom, qto ao texto, como sempre, muito lindo né, vindo de vc é isso aí! Eu amei, e no caso desta Eunice, ah sim, um Anjo, que coisa mais linda. Uma pena que hj em dia os professores sejam tão maltratados e menosprezados. Tenho profundo carinho por todos os que passaram e passam pela minha vida.
Beijinhos querida e um abraço bem apertado.
Flores e Luz.
Maravilhosa tua história que adorei.Lindo encontro! Mas me deixou muito feliz, te ver de volta! beijos,tudo de bom,chica
Volta triunfal, com um belíssimo conto. Só hoje, me dei conta do seu retorno, Socorro, passando por aqui. Espero "Vê-la" mais vezes...
Saúde e paz!
Lindo conto. Seja bem vinda de volta. Beijos.
Socorro
Um lindo conto que marcou o seu retorno.
Sempre as suas escritas encantam porque fala de perdão, devoção , ternura e amor.
Beijos.
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