Ontem, pela primeira vez, eu visitei uma UTI neo-natal. Fiquei sensibilizada com aqueles serzinhos indefesos e frágeis, mas, ao mesmo tempo fortes, lutando pela vida. Alguns entubados, outros precisando usar sondas para receberem o alimento, e todos dependentes de aparelhos e equipamentos médicos.
Bem ao lado da UTI neo-natal, numa sala chamada vip, que de vip só tem o nome, ficam as mamães. Todas apreensivas, cansadas, marcadas pelo sofrimento da espera. Algumas já há bastante tempo ali, ao lado dos seus bebés, aguardando o grande dia de voltar pra casa. Todas têm apenas um desejo, verem seus filhinhos em condições de levar vida normal. E todas carregam no peito um amor imensurável por aquelas criaturinhas frágeis que ainda estão em processo de formação e de fortalecimento.
A UTI neo-natal mexeu com minha estrutura. Eu nunca havia pensado, de verdade, como seria. Pareceu-me um santuário. Um lugar sagrado. Apesar da fragilidade de cada um, senti uma energia boa, positiva, uma ternura pairando no ar. Senti uma força estranha movendo aquele lugar, uma força que sozinhos aqueles bebezinhos não teriam. E percebi a importância do trabalho daquelas profissionais, tão dedicadas, delicadas, cuidadosas, um pouco mãe de cada um.
Em contrapartida, hoje, quando fazia minha caminhada matinal, ultrapassei uma senhora magrinha, bem velhinha, que caminhava a passos lentos, levando numa mão uma garrafinha de água, e na outra uma sombrinha. Pareceu-me tão frágil, talvez ainda mais por ser encurvada. E fiquei observando-a. E ela caminhava até bem, dentro das suas limitações. Era a luta por uma melhor qualidade de vida, certamente.
Achei tão bela a atitude daquela senhora, de estar às seis da manhã, naquela idade, com tantas limitações, se exercitando. Senti que uma força estranha movia aquela mulher, o desejo de viver, de aproveitar cada instante procurando se melhorar.
Dois extremos. O começo e o fim da vida. A primavera e o outono. Ambos tão permeados pela fragilidade. E assim é o nosso caminho. Tão dependentes uns dos outros. Tão frágeis. Tão pequenos.
Mas, no meio do percurso nos enchemos de orgulho, de insensatez, e passamos a acreditar que somos independentes, implacáveis, poderosos... Qual nada! Ai de nós se não houvesse uma força estranha a nos mover, a nos direcionar, e a dar maior sentido às nossas vidas.
Mas, no meio do percurso nos enchemos de orgulho, de insensatez, e passamos a acreditar que somos independentes, implacáveis, poderosos... Qual nada! Ai de nós se não houvesse uma força estranha a nos mover, a nos direcionar, e a dar maior sentido às nossas vidas.
(Socorro Melo).
4 comentários:
É isso mesmo amiga. A humanidade pensa que ela tudo pode. Esquecem de Deus. E por isso o mundo anda à deriva. Porque sem a inspiração divina, nada somos.
Um abraço
Um abraço
Olá, querida Socorro
Meu netinho do meio ficou 5 dias na UTIN... sei bem do que fala...
Bjm fraternal
Que linda viagem Socorro, este olhar, este mergulho é tudo nesta vida.
Estar sob esta força estranha, que bem sabemos é Jesus.
Lembrei de uma canção de Roberto Carlos que tem muito desta emoção.
Lindo este trecho:
"Estive no fundo de cada vontade encoberta
E a coisa mais certa de todas as coisas
Não vale um caminho sob o sol..."
Uma linda semana amiga
Meu carinhoso abraço de paz e luz.
Nascer... caminhar, caminhar, passar por muitos lugares, tropeçar, levantar e seguir em frente. Assim é a vida e só conseguimos com energia viver, graças a esta força que a todos move: o Cristo que habita o coração de todos nós.
Um abraço.
Élys.
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