Pegadas de Jesus

Pegadas de Jesus

domingo, 12 de fevereiro de 2017

VÍTIMAS DA SECA


Hoje acordei ouvindo uma sinfonia: uma chuva fina que se prolongou por quase toda a noite. O dia amanheceu branco, nublado, mas, para nós nordestinos, não poderia ser mais lindo. Penso que cada um de nós elevou uma prece aos céus por esta chuva tão ardentemente esperada. E desejamos tanto que ela permaneça conosco.  

Nós, que fazemos parte do Polígono das secas, que há cinco anos  estamos enfrentando uma estiagem severa, que estamos vendo despencar a nossa economia, ressecar os nossos cactos, rachar o nosso chão, morrer os nossos animais, e ver flagelados os nossos semelhantes, por causa da seca e do calor infernal, sabemos o quanto vale uma gota d’água. 

Algumas cidades do meu Pernambuco já decretaram calamidade pública. Os principais setores da Economia já estão duramente atingidos, e as pessoas já sofrem a meses a falta de água nas torneiras, tornando-se dependentes dos carros pipas e de alguns poços que felizmente ajudam no abastecimento, mesmo que de forma precária.

Estamos à Mercê de Deus, pois, sem água não se vive, e a pouca e cara disponível, não sabemos da procedência nem da qualidade. 

As regiões mais favorecidas, onde os reservatórios ainda se conservam, também já estão com as capacidades bem prejudicadas, tendo em vista estarem fornecendo para um grande número de municípios. 

A previsão, dada pela Companhia de água do Estado, não é das melhores. Os açudes e barragens que estão sustentando a região, não vão suportar por muitos meses, devido à grande demanda, quiçá, três meses. E depois? Essa é uma pergunta que não quer calar. Esse é o drama do nosso Nordeste. 

Assoma-se a isso a crise política, econômica  e social do país. Talvez até por conta da pobreza, a violência impera. Não temos segurança, vivemos com medo, sem sequer poder usufruir dos nossos bens de consumo.

A saúde pública é precaríssima. Só sabe o que é o serviço de saúde pública, quem precisa dele. Tive a oportunidade de acompanhar, recentemente, duas pessoas da família que precisaram desses serviços, e como foi dolorosa a experiência. Quanto descaso! Quantos agentes de saúde sem preparação! Fiquei indignada. Estou indignada, pois, quanto de impostos pagamos para merecer tão pouca atenção. 

É doloroso e revoltante ver as pessoas doentes, sofridas, deitadas nos corredores dos Hospitais, aguardando atendimento. Não culpo os profissionais médicos, não são eles os responsáveis pela falta de recursos. Graças a tantos deles o povo ainda é salvo de tantas mazelas. Mas, e o Governo? Onde estão nossos representantes?  

Seca, crise, pobreza, descaso, é essa a nossa realidade hoje. A realidade do Nordeste do Brasil. Sim, porque o Nordeste também é Brasil.

A seca do Nordeste é um fenômeno natural antiquíssimo, sabemos disso. Porém, tem se agravado ainda mais com as mudanças climáticas, fruto  dos desmandos do homem com a natureza. E se não houver ações políticas sérias de sustentabilidade, para amenizar esta situação, nós estaremos fritos em poucos anos. É sério. Os cientistas preveem uma desertificação no Nordeste, em poucos anos, além de outras tantas previsões assustadoras que atingirão o mundo todo.
Ah, quero ir para Pasárgada! Não sou amiga do rei, como o poeta, mas, penso que é o único lugar do mundo imune a tantas injustiças e sofrimentos. E que Deus nos ajude!
Por Socorro Melo

5 comentários:

chica disse...

Triste situação da seca e de tudo mais que nosso país está vivendo! Só DEUS pra ajudar e que mande água na medida certa por aí! bjs, chica

Élys disse...

Uma realidade que você coloca muito triste, infelizmente, assim é. Procuro manter a minha fé em Deus, acreditando que um dia tudo se corrigirá e o povo encontrará a paz e a alegria de viver.

Elvira Carvalho disse...

A seca é uma tragédia para as populações que vivem no local. Moçambique sofre desse problema. Lá há uma grande região alterna, três quatro anos de seca com outros de cheias que levam tudo na frente. Vivi lá no século passado 3 anos de seca horrível.
Que Deus tenha piedade da humanidade, e dê aos homens discernimento para não encontrarem soluções.
Um abraço e uma boa semana

Toninho disse...

Pois é Socorro, aqui na Bahia terra dos carnavais, a cidade dança e lá no sertão falta comida na pança, se rima não combina com os gastos em detrimento da crise hídrica no sertão. Projetos e mais projetos onde muitos recebem altas cifras e nada de efetivo em solução para os problemas cruciais como a seca.
Como diz a canção o sertão continua a Deus dará.
Meu terno abraço amiga e que Deus olhe por estas terras sedentas.
Uma semana de paz e luz e renovadas esperanças pelas chuvas.

Roselia Bezerra disse...

Boa noite, querida amiga Socorro!
Cheguei atrasada pois estou no ES e fiquei prisioneira da greve como todo povo daqui...
Fico triste a ver certas cenas tão deprimente com os nordestinos sem água... meu pai era nordestino...
Bjm muito fraterno