Pegadas de Jesus

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terça-feira, 14 de junho de 2011

QUE ESPÉCIE DE AMIGO EU SOU?!



Imagem do Google

Carlinda e eu morávamos na mesma rua, freqüentávamos a mesma escola, e ambas éramos pobres. O tempo passou e cada uma tomou seu rumo. E Carlinda, após algumas tentativas frustradas de ingressar no curso de Medicina, optou pelo Comércio, e se deu bem. Construiu um patrimônio considerável, fruto de seu trabalho árduo. Cuidou bem de sua família. No entanto, certo dia, uma tragédia se abateu sobre ela e sua família. Os amigos se achegaram, foram solidários, choraram a sua dor, e dividiram o que tinham. Depois da tragédia, Carlinda ficou desestruturada, precisava recomeçar, mudar de ramo, pois as conseqüências da tragédia foram devastadoras. Era difícil se decidir, pois, havia muitos fatores negativos que pesavam na sua decisão. Os amigos sugeriram, se dispuseram, mostraram determinados ramos, mas Carlinda não acolheu, foi taxativa e até indelicada, afirmando que “aqueles ramos de negócio” não estavam à sua altura. Queria mais. Algo grandioso. E nessa grosseria até menosprezou as atividades de alguns amigos, que obviamente se sentiram ofendidos.

Conheci Martins na Faculdade. Tinha uma mente brilhante, era inovador, cheio de sonhos, de ideais, ambicioso... Também era pobre. E também enveredou para o Comércio. Construiu um modesto império. E foi vítima de uma grande desventura. Infortúnio que lhe arrancou o chão de sob os pés. Antes, era dado a festas, encontros, e vivia rodeado de amigos. Disse-me sua mulher, que quando a desgraça se abateu sobre eles, abalando suas finanças, houve dias que não tinham sequer o que comer, pois, o dinheiro sumira como fumaça ao vento. E os amigos? – Perguntei. Que amigos? – respondeu ela – Pois foi aí que descobrimos que não tínhamos nenhum. Ninguém apareceu para prestar solidariedade, ao contrário, parece até que se arvoraram em emitir julgamentos, subestimando nossa dor.

São duas histórias reais, que têm certa semelhança, e desfechos diferenciados. Obviamente os nomes são fictícios. Em mim, estas duas histórias causaram indignação. É difícil entender como um ser humano, que atravessa grandes dificuldades, consegue se deixar levar pelo orgulho, a ponto de até humilhar os amigos, que tentam ajudá-lo, como fez Carlinda. Nem mesmo o terror da tragédia, foi suficiente para lhe incutir a luz da humildade. A arrogância se inflamou, deixando perplexos os amigos.

No segundo caso, me enoja a hipocrisia e a covardia, de alguns seres humanos, que se dizem amigos, que compartilham dos bons momentos, mas que na hora da aflição, do clamor, se retiram de cena, e deixam o desgraçado sozinho, à mercê da própria sorte.

A amizade é uma das faces do amor. E a mais apropriada definição que concebo para o amor, é que: Ele tudo crê, tudo espera, tudo suporta - como dizia São Paulo. Se formos amigos, de verdade, não importa o que o outro fez ou faz e não precisamos comungar com suas ações, mas, devemos ter a decência de estender-lhe nossas mãos, na hora da dor, assim como nos fizemos presentes em sua vida, na hora da alegria. Devemos honrar nossos valores, sermos corajosos, autênticos, e remover montanhas em nome da amizade. Se assim não procedermos, é porque de fato, a amizade nunca existiu.

Penso que a nossa verdadeira riqueza é a interior. Assim como Carlinda e Martins, todos estamos sujeitos às tragédias da vida. Que sejamos humildes, solidários e autênticos. É menos doloroso atravessarmos o vale de lágrimas quando nos sentimos confortavelmente amparados por mãos amigas, e temos ombros onde recostar a cabeça. Pensemos nisso.

3 comentários:

pensandoemfamilia disse...

Algumas situações poem a prova a verdadeira amizade.
bjs

Néia Lambert disse...

Certamente Socorro, somente o que temos dentro de nós mesmos é que tem valor, pois é algo que ninguém pode nos tirar.

Beijos

Unknown disse...

Socorro....
o ser humano esquece muito rápido daqueles que lhe estende as mãos, não é?
bj.