Pegadas de Jesus

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quarta-feira, 26 de abril de 2017

CONTO: O ÚLTIMO DIA - PARTE 4



Imagem da Net

Desorientado, ainda, pelo desagradável incidente, falou asperamente, se voltando para o carro à sua frente:
-          Que maluquice é essa? Todavia, mal acabara de proferir as palavras, a cabine do caminhão foi invadida por três homens armados, encapuzados, que o puxaram violentamente para fora.
Alfredo, trêmulo, ainda conseguiu balbuciar algumas palavras:
- O que é isso?  Mas, logo se calou, pois, sentiu que as circunstâncias não lhe eram favoráveis.
Recebeu uma coronhada na cabeça, que o deixou zonzo, e o aviso de que não mais se dirigisse a eles. Vendaram-lhe os olhos, enfiaram um saco por sobre sua cabeça, e o colocaram de volta no caminhão, só que dessa vez, atrás do banco da cabine.
Os homens ocuparam os assentos, tomaram a direção, e o caminhão começou a movimentar-se, deixando para traz o carro branco que os conduzira até ali.
Alfredo, dentro do saco, tremia tal qual bambu açoitado pelo vento. Sentia doer-lhe todos os músculos do corpo, e respirava com grande dificuldade. No entanto, o medo que sentia, neutralizava toda e qualquer dor. Não conseguia raciocinar direito, e custava-lhe crer que tudo aquilo lhe estivesse acontecendo. Quando tentava encontrar uma posição mais confortável, e fazia algum movimento, sentia a mão de um dos bandidos a lhe empurrar a cabeça, para baixo, para que ficasse agachado por completo.
Vez por outra ouvia a voz dos marginais, nitidamente, e ficou petrificado, quando os ouviu dizer que o melhor seria eliminá-lo.
E nessa agonia permaneceu por muito tempo, horas a fio, já não tinha idéia de quantas, pois, estava desnorteado, dolorido, e consumido pelo medo e pela tensão.
De repente, o caminhão parou. Alfredo ouviu o barulho das portas se abrindo, e foi tomado de pânico. 
Chegara sua hora: pressentia. Pensou em Luísa, em quanto tempo não dizia que a amava; não lhe fazia um agrado, um carinho, não saíam juntos... 

Pensou nos filhos, no pessoal da Distribuidora, na família que o aguardava lá em Pernambuco, no sítio que nunca iria desfrutar; que ficaria só nos seus sonhos, e começou a chorar. 

Não saberia dizer quanto tempo ficou ali, sozinho, à espera do que iria lhe acontecer.

3 comentários:

chica disse...

Quanta violência.Pobre homem e pena acontece muito nos nossos dias! bjs, chica

Elvira Carvalho disse...

Estava à espera de qualquer coisa do gênero. Só a intervenção divina o pode salvar. Será que Nª Sª da Aparecida de quem é devoto, não vai ajudar?
Um abraço

Élys disse...

Após ler e comentar a primeira parte, hoje li a segunda a terceira e a quarta parte e observo que escreves um conto que prende a gente em sua leitura. Estou gostando muito.
Um abraço.
Élys.