Pegadas de Jesus

Pegadas de Jesus

quinta-feira, 31 de março de 2011

O AMOR PERMANECE

Imagem do Google          

           Dona Josefa foi uma grande mulher, apesar da sua compleição franzina. Parecia frágil, mas não era. Passou por grandes adversidades, muitas privações, situações inusitadas, mas, tinha fibra, e fé, e nunca desanimou. Sua vida foi pautada na simplicidade, na generosidade, e no amor ao próximo.
           Que saudades de dona Josefa! Fecho os olhos e imagino-a naquele imenso terreiro, a espalhar milho para as suas galinhas, numa atividade tão rotineira, mas, que lhe parecia tão agradável. Chamava-as pelos nomes, quando alguma se atrasava para a refeição.
           Gostava de vê-la na pequena horta, que havia por trás de sua casa, a colher hortaliças fresquinhas. Ela mexia na terra com tanto carinho, revirando os canteiros verdes, que exalavam um cheiro tão bom. Ficava tão bem naquele quadro, pois, ela era pura natureza.
           Foi agricultora, e cultivou tantas espécies, de raízes, de grãos, de flores, e de frutos, que me pareciam ter um sabor especial, porque eram frutos do trabalho de suas mãos calejadas, e do esforço da labuta, muitas vezes sob sol escaldante.
           Impossível falar sobre ela sem chorar de saudade. Meu anjo protetor.
          Os momentos vividos ao seu lado foram inesquecíveis. Quanta paciência e doçura, e quanta cumplicidade, para encobrir as travessuras que aprontávamos.
          Sua casa era o melhor lugar do mundo, o mais acolhedor. Lá, podíamos brincar e pular em cima da cama, espalhar brinquedos por todos os recantos, e remexer na mala grande, que nos parecia um baú de tesouros, e que sempre tinha uma novidade.
         O seu fogão de lenha, de faíscas crepitantes, que nos lembravam os fogos de artifício, e sobre o qual panelas de barro fumegavam, era uma grande atração. Fomos, nós crianças, enxotadas da cozinha, inúmeras vezes, para não sofrermos qualquer acidente, e aguardávamos à porta, as gostosuras que ela nos preparava. Nunca ralhou conosco, ao contrário, sempre foi de uma meiguice sem tamanho.
        Ah, dona Josefa! Que saudade dos seus bolos de mandioca, das pipocas feitas na panela de barro, da galinha à cabidela que nunca encontrei outra igual, e dos passeios na roça, onde podíamos subir e comer frutas no pé, aquelas mangas e jabuticabas tão doces e saborosas, e nem nos preocupávamos de lavar as mãos, pois, isso era coisa do futuro.
      Mas, um triste dia, fez a viagem sem volta, deixando um lugar vazio em nossas vidas, que é insubstituível, e uma saudade danada que não passa nunca, bem como a certeza de que a morte não destrói o amor, pois, a amamos tanto quanto a amávamos antes.
      À minha querida avó, dona Josefa, que nos deixou há 26 anos, mas que continua viva e amada em nossos pensamentos.

14 comentários:

Néia Lambert disse...

Socorro, pessoas especiais como sua avó não morrem nunca, apenas se vão e deixam no coração daqueles que as amam toda a ternura que tinham em vida.
O seu texto ficou lindo demais!

Beijos

Mônica - Sacerdotisa da Deusa disse...

Oi flor...que linda homenagem...sabe que pude até ver tudo conforme ia lendo! Como fazem falta essas nossas ancestrais tão fortes e amorosas né?
Beijinhos no ♥, e acredite, a vida continua sempre, pois somos eternos...

Flores e Luz.

chica disse...

Linda homenagem à tua avó que foi tão especial e marcou tanto!beijos,chica

pensandoemfamilia disse...

Os relacionamentos não terminam com a morte, o amor fica dentro de nós.
Este é um conto de perda, não é mesmo....? bjs

Juliana Dias disse...

Eu choro qdo leio essas declarações.Eu era muito apegada à minha avó. Até já escrevi um texto pra ela,mas ainda não tive coragem de publicar, de tanto q eu choro qdo leio... enfim... é a vida, né?


Querida,

Estou participando do concurso que vai eleger o escritor do prefácio do livro do cantor e compositor Leoni.

O livro chama-se “Manual de sobrevivência no mundo digital”.

Já escrevi o meu texto e o link é: http://olivreiro.com.br/prefacio_leoni/prefacio/41

Não há a necessidade de cadastro e nem solicitar email ou senhas. É somente colar o link acima no navegador ou ir no meu blog no último post q tem o link direto pra lá...ler e se for do agrado votar. Somente isso. Os dez mais votados, passarão pela análise do cantor e o escolhido participará do livro final. A votação é até o dia 20/04/2011.


Conto com vc!

Luma Rosa disse...

Não sentimos saudades do que é ruim! Portanto, é bom sentir saudades, é bom guardar esses lindos momentos e ensinamentos de vida que ela passou para você e para as pessoas que a amavam. Se ela conseguiu perpetuar tão bons sentimentos, ela ainda está viva!!

*Socorro, deixei recadinho no seu outro blogue.

Beijus,

© Sara Marques disse...

Oi Socorro,
Que linda homenagem!
Um excelente fds.
Bjs.

Nilce disse...

Oi Socorro

Que bela homenagem você fez à sua avó.
Elas são protetoras de seus netos e nos deixam muitas saudades, lembranças de amor e carinho.
Não existe melhor lugar do que casa de vó. Também tenho mutas saudades da minha materna, que se foi há dois anos.

Bjs no coração!

Nilce

welze disse...

sei bem o que é essa saudade. mas acho que não é doída, é uma homenagem que fazemos para quem amamos e não está mais aqui. essa saudade é pura lembrança. adoramos sentir essa saudade. fazemos assim uma homenagem aos nossos queridos. pelo menos é assim que penso. que lindo post! bom final de semana

Socorro Melo disse...

Olá, amigas!

Obrigada pela visita, viu? E pelas palavras carinhosas. Tenho dificuldade de lidar com perdas. Graças a Deus, tive poucas perdas significativas, mas, as que tive, deixaram suas marcas.

Um grande beijo, gente
Fiquem com Deus, e bfs
Socorro Melo

Anne Lieri disse...

Socorro,que carinhosa homenagem a sua avó nessa postagem chei de emoção!Deus abençoe sempre a Dona Josefa!Bjs,

Lena disse...

Oi, Socorro.
Cheguei aqui pela Marlene e gostei muito. O post foi maravilhoso!!!
Parabéns! Bjs!

"Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido".
Pablo Neruda
Um lindo fim de semana!

Bel Alves disse...

Que lindo sua postagem, me emocionei muito, pois não tive o prazer de ter nenhuma de minhas avós..Mas tenho pessoas em minha vida que foram grandes avós!Aproveito para agradecer seu comentário no meu blog.Um final de semana abençoado!

Jalile disse...

Socorro, querida, linda sua mensagem... a minha avozinha partiu faz um ano e meio. Ta fresco ainda, temos muito de sua presença entre nós, ainda não conseguimos nos desfazer de todas suas coisas, da sua casa... ainda vamos lá, sentamos na varanda, tomamos nas mãos um bordado como se assim ela não fosse suportar mais, e reaparecer para nos ensinar como é que se faz... doi.

Vi a pergunta que vc me fez no blog, e fiz um outro post exclusivo para você. Tentando te responder, ok?
beijo e bom fds!