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É um nó dado por São Pedro
E arrochado por São Cosme e Damião
É uma paixão, é tentação, é um repente
Igual ao quente do miolo do vulcão
Quer ver o bom, é o aguado quando leva açúcar
É ter a cuca açucarada num beijo roubado
É o pecado confessado com padre Sereno
Levar sereno num terreiro bem enluarado
É o pinicado do chuvisco no chão pinicando
Ficar bestando c'um inverno bem arrelampado
É o recado da cabocla um beijo mandando
Tá namorando a cabocla do recado.
Quer ver desejo, é o desejo tando desejando
A lua olhando esse amor na brecha do telhado
É o rodeado do peru peruando a perua
É a canarinha, é galeguinha cantando o canário
Zé do Rosário bolerando com Dona Isabel
Dona Isabel bolerando com Zé do Rosário
Imaginário de paixão voraz e proibida
Escapulida, proibida pro imaginário
Quer ver cenário é o vermelho da auroridade
É a claridade amarelada do amanhecer
É ver nascer um aguaceiro pelo rio abaixo
É ver um cacho de banana amadurecer
Anoitecer vendo o gelo do branco da lua
E a pele nua com a lua a resplandecer
É ver nascer um desejo com a invernia
E a harmonia que o inverno fez nascer
Jessier Quirino
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Jessier Quirino é paraibano de Campina Grande, arquiteto por profissão, poeta por vocação, vive atualmente em Itabaiana. É o autor dos livros "Paisagem de Interior", "A Miudinha", "O Chapéu Mau e O Lobinho Vermelho" "Agruras da Lata D'Água", "Prosa Morena - acompanha um CD com gravações de alguns poemas", "Política de Pé de Muro" e "A Folha de Boldo - Notícias de Cachaceiros", além de cordéis, causos, musicas e outros escritos. O crítico do Jornal do Commércio - Recife fez o seguinte comentário:
"A poesia matuta já é um estilo consagrado da literatura brasileira. Nomes como Patativa do Assaré, Catulo da Paixão Cearense e Zé da Luz são conhecidos em todo o país como os principais representantes do gênero. Um pouco menos famoso que os três, mas podendo ser considerado tão importante quanto, é Jessier Quirino, poeta paraibano que vem se destacando por seu estilo humorístico."
O poema acima consta do livro "Prosa Morena", Editora Bagaço - Recife, 2001.
Jessier Quirino
Um comentário:
Muito lindos os versos... de pura sensibilidade de poeta nato, com vocação e que tem emoção na alma.
Beijos pra ti e ótima semana!
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