Pegadas de Jesus

Pegadas de Jesus

sexta-feira, 29 de julho de 2011

CASO ENCERRADO


Imagem da Net (Google)


Chega! Não dá mais! É o fim da nossa história. Tentei de todas as formas, utilizei artifícios, usei todos os recursos, não há mais o que salvar...

Você fez parte do meu show! Esteve no meu melhor sorriso, dividiu gostos e mordiscadas...

Sentirei sua falta, mas, anseio por ela, pois que sua presença tem sido incômoda, perturbadora e dolorosa.

Fiz de você um rei. Pus-lhe uma coroa, deixei-o reinar em mim.

E qual a recompensa? Dor e sofrimento. Noites mal dormidas, lágrimas nos olhos, dias intermináveis...

Você tem suas limitações, eu bem sei. Quem não as tem? Mas, precisava me maltratar assim? Eu, que sempre lhe trouxe o frescor?

Nossa separação deixará uma profunda cicatriz, mas, eu vou superar. Você não é o primeiro, e nem será o último. E mesmo que outro não ocupe o seu lugar, a sua ausência será o meu grande lenitivo.

O medo me invade. Sei que vai doer. Mas, sua pulsação indica que é chegado o momento. Não há como voltar. Amar é dar aquilo que se tem... E você só tem a dor para me oferecer... Dispenso o seu amor.

Foi bom enquanto durou...

Mas, finda aqui a nossa união, dente malvado, pois hoje, vou lhe extirpar.


quinta-feira, 28 de julho de 2011

CONTO: A CARONA


Imagem da Net (Google)


Era fim de tarde, de um dia qualquer, do mês de agosto. E uma chuva intermitente marcava aquele dia.

Seu Jorge conduzia o caminhão ao longo da rodovia estadual, rumo a cidadezinha onde morava. Na cabine, iam com ele mais duas pessoas, responsáveis pela encomenda que se encontrava na carroceria.

Divisou, lá na frente, à beira da estrada, um homem que acenava. Apertou um pouco os olhos, para enxergar melhor, e reconheceu Silas. Reduziu a velocidade e parou. Habituara-se a oferecer carona, para os que encontrava pela estrada, a maioria, pessoas que iam ou retornavam do trabalho.

- Bom dia, Silas!

- Bão dia, seu Joge!

- Se não se incomodar, com a mercadoria que vai aí na carroceria, pode subir.

Silas averiguou, piscou os olhos, sorriu, e disse:

- Ôxente, seu Joge, me incomodo não! Vamo simbora!

Subiu na carroceria do caminhão, e sentou ao lado da encomenda, ou mercadoria, de que seu Jorge falara: era uma urna funerária. Instantes depois, a chuva recomeçou.

Mais adiante, outras pessoas acenaram, e seu Jorge prontamente parou, para que elas subissem. Não mais falou sobre a “encomenda”, pois Silas já estava lá,  e não via necessidade.

Entre as pessoas que pegaram carona, havia um deficiente físico. E seu Jorge, pacientemente, esperou que os outros o ajudassem a subir.

O caminhão deslizava tranqüilamente pela pista molhada, e a chuvinha teimosa, não parava de cair.

Porém, uns cinco quilômetros depois, a chuva cessou, e um sol maravilhoso iluminou o mundo com seus raios dourados. E apesar da imprevisibilidade, a temperatura aumentou.

De repente, seu Jorge ouviu um grande alarido na carroceria, e batidas fortes se sucederam na parte de trás da cabine. Meneou a cabeça, assustado, e viu que as pessoas tentavam pular da carroceria, com o carro em movimento. Até o deficiente, que tivera tanta dificuldade para subir, já estava pronto para pular. Parou bruscamente, sem entender o motivo daquele rebuliço.

Quando desceu da cabine, junto com os dois passageiros que vinham com ele, percebeu que todos já estavam no chão, inclusive o deficiente, como num passe de mágica. Menos Silas.

Ficou boquiaberto, olhando estarrecido para os rostos apavorados que o encaravam, mudos, quando ouviu a voz de Silas, que ainda se encontrava na carroceria do caminhão.

- Disculpi, seu Joge, eu não fiz por má.

- O que aconteceu Silas?

- É que quando eu subi, começô a chuver, e eu entrei no caxão pá me potreger da chuva. Só dispois é que as pessoa subiro no caminhão, e não sabia que eu tava lá dentro. O sol apareceu, começou a esquentar, e resorvi sair... E quando levantei a tampa, as pessoa se assustaro e desataro a gritar e a correr...

Seu Jorge, ainda trêmulo, oscilando entre o medo, a raiva, e a vontade de rir, cobriu o rosto com as mãos, e balançou a cabeça, dizendo:

- Silas, Silas! Alguém poderia ter se machucado seriamente. Felizmente não aconteceu nada de grave.

- Intonce num sei?  disculpi seu Joge!

Quando Silas desceu, desconcertado, com um sorriso amarelo estampado no rosto, o deficiente correu ao seu encontro e o esmurrou repetidas vezes...

Todos, ao mesmo tempo, desataram a rir, e a recapitular o episódio, imitando-se mutuamente. Riram tanto que chegaram às lágrimas, e cada um, ao seu modo, repassou essa história, que ficou conhecida na região, e Silas, conseqüentemente, passou a ser chamado de morto-vivo.

E pra concluir, não sabe-se até hoje, como é que o deficiente conseguiu descer do caminhão sozinho, e com tanta eficiência.  :o)

OBS: Baseado em fatos reais.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

TRIBUTO AO MEU AVÔ



Foto: por Cillene Melo

 
Chamava-se Pedro Correia de Queiroz. Nasceu em Santana do Congo, na Paraíba, hoje cidade do Congo, e faleceu aos 45 anos aproximadamente(em 1945), numa cidade da Mata Sul de Pernambuco, após um infarto fulminante. Quando faleceu, estava longe de casa, a trabalho. Sua residência, na época, ficava na vila de Água Fria, do município de Belo Jardim-PE, no agreste setentrional de Pernambuco.

Sua passagem pela Terra foi muito breve, e sua história de vida, praticamente, se dissolveu no tempo.
Sei que foi um bom homem, trabalhador e honrado.

Minha mãe tinha nove anos quando ele partiu, de forma abrupta, sem ter a chance de estar no seio de sua família. Apenas o filho Diniz, que na ocasião contava 11 anos, o acompanhava naquela viagem.

Não existe uma fotografia sequer, nada que nos mostre a sua imagem, suas características.

Tempos atrás, encontrei dois livros: Terceiro e Quarto Livros de Leitura, de Felisberto de Carvalho, 47ª e 23ª edições, respectivamente, da Editora Alves & Cia, Rio de Janeiro, 1915, que haviam sido seus. Esses livros, verdadeiras relíquias, me encheram de orgulho por ele.

Contava minha avó, que ele freqüentou a escola por apenas três meses. A família não o apoiava, pois, precisava trabalhar. Estudo era luxo, e aquela gente simples, do campo, tão desprovida de conhecimentos, necessitava da ajuda dos filhos pra sobreviver.

Ele deixou de freqüentar a escola, porém, não perdeu o gosto pelos estudos. Foi autodidata. E não só se alfabetizou, como desenvolveu grande interesse pelos livros. Costumava ler todas as noites, à luz de candeeiro, após o trabalho árduo do campo.

Era informado, apesar do seu tempo, e do seu mundo limitado, e soube apreciar o valor da boa leitura.


Nos livros que encontrei, que eram seus, existem algumas anotações feitas por ele, coisas simples, datas apenas, de acontecimentos marcantes de sua vida, mas, que me impressionaram pela caligrafia legível e até bonita.
Naquelas notas sumárias, percebi um grande homem, e o admirei, e fiquei emocionada. Ali está uma marca da sua passagem pela vida, algo que deixou e que o tempo não destruiu.

Gostaria de tê-lo conhecido. Penso que nos daríamos muito bem. Sinto falta do colo e do abraço que não recebi. Queria dizer-lhe o quanto o admiro, e o quanto a sua determinação me serve de exemplo. E sou tentada a crer, que muito do que sou, seja parte do legado que ele me deixou.

Dedico este post, à memória do meu avô materno, Pedro Correia de Queiroz, por sua simplicidade e obstinação.


Foto: por Cillene Melo

quinta-feira, 21 de julho de 2011

ACONCHEGO



Imagem do Google


Olá, amigos!

Bem vindos!

Hoje está um lindo dia de sol, e me sinto feliz por estar aqui, e por dividir com vocês toda emoção de ser, de existir. Ontem, Dia da Amizade, recebi mensagens carinhosas de tantos amigos, e quero de público agradecer a todos: Valeu, gente! Beijo no coração.

E hoje, trago-vos um lindo poema, obra do meu amigo Leidson Santana, que descreve seus sentimentos com muita sensibilidade, e canta o amor com fina emoção e com um toque de sensualidade.

Quixotesco

Meu coração canta de amor
Músicas que não se perdem de boca em boca
Apenas outro de igual valor
Faz desta música a mágica louca


Por isso me traga beijos sempre novos
Que a minh’alma tanto busca
Mais que um, mais que mil, traga todos
Quer na boca, ouvido e nuca


Porque meu corpo em febre fica
E consegue atravessar a feliz batalha
Com doces marcas que na pele surgem
O gozo é certo e a paz encalha


Assim finda todo meu cansaço
E mais mimo é dado pela deusa ardente
E como cria durmo aconchegado
Ao peito, a pele, ao ninho ventre.

Leidson Santana


terça-feira, 19 de julho de 2011

MINHAS IMPRESSÕES SOBRE O LIVRO

Imagem do Google


Chuva fina... Fria... Intermitente... Foi assim o fim de semana. Um friozinho gostoso e surpreendente.
Entre um afazer e outro, me debrucei na leitura de um livro, que iniciei no sábado e concluí no domingo. Na verdade, o título não fez grandes promessas, mas, a surpresa foi maravilhosa.

Falo de Cartas entre amigos – sobre ganhar e perder, de Gabriel Challita e Pe. Fábio de Melo. O molde do livro é interessante. Trata-se de uma coletânea de cartas, trocadas entre eles, onde discorrem sobre diversos assuntos. A temática é a vida, a fé, o amor, a coragem, a fraternidade... Assuntos de sentido profundo, que são tratados de forma elegantemente poética. O lirismo que percorre as páginas do livro, construído pelos dois, é contagiante. A beleza da vida é retratada com respeito, com pureza, com ricas intenções. As imagens são belíssimas: exemplos de fragmentos da vida de pessoas comuns, que fizeram e que fazem a diferença, que amaram muito, que ensinaram, que são ícones de grandeza indescritível. Textos de composições musicais, prosa e poesia, permeiam a leitura nos conduzindo a uma leveza e uma festa interior, que é difícil de explicar. E fica a constatação de que a palavra, escrita ou falada, tem o poder de nos transportar, de nos fazer refletir, e pensar melhor nos nossos ideais de vida.
É uma viagem, para dentro de nós mesmos. Um encontro aprazível e necessário, de nós com o todo. Um flash de luz que ilumina os escaninhos da consciência.

Convido, recomendo, a todos que gostam de falar de amor, de vida, de beleza e de poesia, a se deleitarem com esse tesouro de verdades e bem-aventuranças. Leiam, vale a pena.


sexta-feira, 15 de julho de 2011

BCFV - MATURIDADE


Este texto é da minha autoria, e é parte integrante da Blogagem Coletiva Fases da Vida, idealizada pelas amigas:

Rosélia do http://espiritual-idade.blogspot.com/
Gina do http://nacozinhabrasil-gina.blogspot.com/
Rute do http://publicarparapartilhar.blogspot.com/




ESTAÇÕES

Dias de céu nublado, de chuvas frias, torrentes...
De dores e desespero, de angústias e ansiedades...
De revolta e solidão, de crises, contrariedades,
Invernia de pesares, de lágrimas tristes e quentes...


Que secaram no calor, do sol da doce esperança;
Que se perderam no amor, e no mar de alegrias...
E de ternura e sossego, se sucederam outros dias:
Quando a alma em veraneio gozou de grande bonança.


E viu com excitação, o desabrochar das flores!
E se inebriou com os cheiros dos tempos primaveris
E cantou desafinada imitando os colibris
Que rodeavam os canteiros e se misturavam às cores


Folhas secas, céu dourado, frutos doces, ventania...
Plenitude e gratidão por todo o dever cumprido
Lembranças, contentamento, por tudo que foi vivido...
Outono é a maturidade, a luz da sabedoria!


Por Socorro Melo

terça-feira, 12 de julho de 2011

SER GENTIL NÃO ME CUSTA NADA, MAS...


                               Imagem do Google
 

Ser gentil não me custa nada, mas pode custar a vida de alguém. Acredito seriamente nisso, e digo porque.

Um certo dia, desses comuns em que nos encontramos sobrecarregados de trabalho, e que iniciamos várias atividades ao mesmo tempo, sem conseguir dá conta de nenhuma delas, pois o telefone toca, o e-mail está abarrotado, o chefe chama para uma reunião (que não estava programada), o cliente espera no guichê, precisa levar o filho ao médico, comprar água mineral... (ufa!), recebi a visita de uma amiga, no meu local de trabalho.

Deixei tudo que estava fazendo, e fui atendê-la. Sorri e dispensei-lhe alguns minutos do meu precioso tempo.

Notei-a triste. Semblante carregado, olhos inchados, voz embargada... Contou-me sobre alguns problemas que estava enfrentando. Disse-me que estava cansada, exausta, e não vislumbrava qualquer perspectiva de melhora.
Eu havia saído de um problema, que me deixara marcas profundas, mas que me ensinara muito, ou que pelo menos, me ensinara que tudo na vida é passageiro, e que não há mal que dure, ou bem que nunca se acabe. Utilizei-me desta experiência para consolar minha amiga, naqueles poucos minutos que podia dedicar a ela.

Quando ela saiu, notei-a mais leve, e até conseguiu esboçar um sorriso. Fiquei contente.

Dias depois ela voltou. Alegre, divertida, dinâmica, como sempre fora. Fiquei feliz. Perguntei-lhe se havia resolvido o problema, e ela disse que não, que o problema havia se complicado ainda mais, mas ela se resolvera.

Disse que viera para agradecer-me, pois, eu salvara a sua vida. Respondi-lhe que não fiz nada de extraordinário, que dei apenas alguns conselhos, que qualquer amigo daria. E, com os olhos marejados, ela confessou que naquele dia pensara em suicidar-se, e que passara no meu trabalho pra me ver, pela última vez, mas eu a acolhi com tanto carinho, com tanta atenção, e transmiti-lhe tanta confiança, que ela se libertou daquele pensamento de morte, e criou novo ânimo, e resolveu enfrentar os problemas sem medo, um de cada vez, confiando que não estava sozinha, e que uma força superior a protegia.

Foi muito forte pra mim essa revelação. Por dias pensei nisso sem conseguir entender, mas, agradeci a Deus por ter me usado como instrumento do bem, e por ter me iluminado a dizer as palavras certas, que dissiparam as trevas.

Por isso acho que ser gentil não me custa nada, mas pode custar a vida de alguém.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A VIAGEM



Imagem do Google - Serra das Russas BR 232

Oi, amigos!

É um prazer tê-los aqui. Sejam bem vindos! Aos novos seguidores desejo boa estada. Fiquem à vontade, a casa é de vocês.

Não tem me sobrado tempo para blogar como gosto, mas, sempre que é possível, cá estou. E aos poucos vou dando uma chegadinha nos Blogs amigos.

Querem viajar comigo? :o)

A VIAGEM

Uma manhã fria. Uma viagem de rotina. Uma sonolência quase incontrolável. Apoiei a cabeça no banco do carro, fechei os olhos, e me deixei embalar. Quando saímos da cidade, e adentramos a BR-232, fui envolvida por um sol brilhante que me aqueceu ternamente.

Abri os olhos e fiquei observando pela janela. A princípio sem interesse algum, mas depois, fui ficando fascinada pelo que via.

Estávamos numa subida, e pude ver lá em baixo um pequeno riacho, de águas plácidas e cristalinas. Havia sombras em grande parte do terreno, em contraste com a luz que se derramava do outro lado da BR.

Após uma curva surgiu uma fazenda onde apreciei a graciosa arquitetura antiga da casa e da capela que ficava ao lado. Ambas se posicionavam num lugar alto, em meio a uma linda relva verdejante, que servia de pastagem ao gado branco que se movia lentamente.

As árvores desfilavam ao meu redor. Eram tantas espécies diferentes, e cada uma mais exótica que a outra. Folhas em formatos belíssimos: alongadas, recortadas, arredondadas, minúsculas, e em tons diferenciados de verde, alguns mesclados. Grandes e pequenas, juntas, entrelaçadas, complementando-se num eterno abraço. E a luz do sol arrematando toda aquela beleza.

No km 63, me chamou a atenção um pé de mandacaru, planta típica do agreste e sertão, que se destacava das outras árvores, por suas características, e sua beleza rústica. Todavia, seus espinhos não impediram o abraço mais caloroso que eu via ali. Flores silvestres, pequenas e delicadas, em forma de ramagens, de rubra coloração, envolviam todo o pé de mandacaru, de cima a baixo, como um gigantesco colar. Fiquei fascinada. Quis fotografar, mas, não havia uma câmera.

Lá adiante, quando estávamos numa descida, olhei para cima e vi grandes rochedos, imponentes, majestosos, que asseguravam ainda mais a beleza daquele lugar.

Mas, foi no capinzal que a minha criança interior se revolveu. Era um espaço plano, a perder de vista. As hastes, em flor, tremulavam levemente, e de longe não havia quadro mais encantador. Que vontade de sair do carro e correr em meio ao capinzal, de pés descalços, e braços abertos, para abraçar o mundo, e deixar toda aquela beleza penetrar a minha alma.

Enfim, adentramos a selva de pedra.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

RENOVA-TE


Imagem do Google

Renova-te.

Renasce em ti mesmo.

Multiplica os teus olhos, para verem mais.

Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.

Destrói os olhos que tiverem visto.

Cria outros, para as visões novas.

Destrói os braços que tiverem semeado,

Para se esquecerem de colher.

Sê sempre o mesmo.

Sempre outro. Mas sempre alto.

Sempre longe.E dentro de tudo.

Cecília Meireles