Resolvi
ignorar a minha inaptidão, e arrisquei-me a seguir à risca a receita de
rosquinha
alemã, que estava estampada na caixinha de Maizena (amido de
milho).
Parecia fácil, e com aquele Manual de Instruções, não tinha como errar.
A
boca já se enchia d'água ao imaginar as rosquinhas crocantes com uma
xícara de café.
Pus um avental, dispus os utensílios e
ingredientes sobre a mesa, e meti a mão
na massa, literalmente.
Juntei tudo conforme o “Modo de
Fazer”, mexi para lá e para cá, percebi que a
consistência não era boa, estava meio
amolecida, pus um pouco mais de
massa, aí ficou endurecida, um pouco
mais de leite, mais mexidas, amolecida...
Mais massa... Endurecida... e quando
dei por mim, não conseguia retirar de
minhas mãos aquela gosma. Aliás, não
era massa, era uma cola superpotente.
Não desgrudava de minhas mãos, nem da
panela.
Virei o fundo da panela para cima, e
nada, a gororoba desafiava a força de
gravidade. Tentei fazer um
biscoitinho, com o que tinha nas mãos, mas, a coisa
grudenta não descolava, e de repente,
me deu um pânico, uma sensação de
impotência, ou de incompetência, e saí
correndo, vociferando, a lavar as mãos,
procurando me livrar daquela
substância incógnita que eu havia criado, quando
inocentemente e de boa vontade, só
desejava fazer rosquinha alemã.
Por Socorro Melo