Pegadas de Jesus

Pegadas de Jesus

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

COMPAIXÃO


Huguinho ouviu falar de compaixão, na Igreja. Chegou em casa e meio desconfiado perguntou à mãe:
        Mamãe, o que é compaixão?
A mãe, sem saber bem como explicar, respondeu:
        É quando a gente se coloca no lugar do outro, e  consegue sentir a sua dor... entendeu?
Pensativo e nada convencido,  o menino respondeu:
        Não. Não entendi. Como é isso de sentir a dor do outro?
Uma dia você vai compreender. Quando você crescer será mais fácil.
Dali a alguns dias, apenas, o Huguinho se deparou, no Shopping, com uma cena que lhe marcou seriamente. Caminhava ele em direção às salas de cinema, quando, a meio do caminho, ouviu um pai, que ao celular recebia uma notícia triste e repassava para o seu filho que estava ali do lado, e o menino, que devia ter a mesma idade de Huguinho, recebeu a notícia com grande aflição. Ele chorava muito, se contorcia, e pedia para o pai dizer que aquilo não era verdade.
Huguinho, a muito custo, continuou seu caminho, porém, depois de ver a cena do menino, sentiu uma dor no peito, inexplicável. Dos seus olhos brotaram lágrimas. Ele nem conhecia o menino. Nem sabia o teor da notícia que recebera, mas, sentiu a dor que ele sentia. Não saberia explicar. Ao  mesmo tempo que se afastava da cena, olhava para trás, na esperança de ver o menino e saber ao certo o que acontecera. E aquela dor estranha que sentia o incomodava.
Ato seguido, num lampejo, Huguinho pensou: COMPAIXÃO.
Quando chegou em casa, no fim da tarde, procurou a mãe e disse: já compreendi, mamãe. Eu agora sei o que é compaixão.
E a mãe sorriu, feliz e curiosa.

(Socorro Melo)

sábado, 6 de fevereiro de 2016

MERRICK


Lembrei-me de um filme, que assisti há bastante tempo. É um filme belíssimo, e que me marcou profundamente, tanto que nunca o esqueci. Esse filme, de 1980, foi baseado em fatos reais. E conta a história de um homem, um inglês, que tinha uma doença rara, de nascença: uma neurofibromatose múltipla. Seu corpo era quase que totalmente deformado. A deformidade era tão agressiva, que incutia certa repulsa em quem o olhasse, e deixava-lhe com um aspecto animalesco, que lembrava um elefante, por isto o título do filme: O Homem Elefante. A doença foi posteriormente diagnosticada de síndrome de proteus.

No entanto, era uma pessoa humana intensa, de grande sensibilidade, e beleza interior, e que cativava àqueles que dele se aproximavam. Chamava-se Joseph Merrick. Conta a história, que Merrick foi vítima de pessoas inescrupulosas, que desrespeitosamente se aproveitaram da sua fragilidade, das suas limitações, e o escravizaram de forma absurdamente desumana. Os tais algozes, exibiam-no em um circo de aberrações, como uma aberração da natureza. Era apresentado, como a versão mais degradante do ser humano, destituindo-lhe de toda dignidade humana. Chamava-o de o homem elefante, e o tratavam como a um animal. No circo, era alimentado apenas com batatas, assim como os elefantes, e era constantemente espancado.

Essa história arranca lágrimas até dos mais duros corações. No enredo, Merrick é descoberto por um médico anatomista, Doutor Frederick Treves, em uma das apresentações do circo, que o internou em um Hospital e passou a estudar sua enfermidade, bem como a lutar pela sua liberdade, e pela consecução dos seus direitos, e da sua dignidade. O filme tem um desfecho belo e poético.

Diante da história de Merrick contada no filme, e de tantos casos de pessoas deficientes, que vivem seus dramas, suas escravizações, e a usurpação de seus direitos, compete a nós cidadãos, cobrar dos nossos representantes, ações governamentais voltadas para a pessoa deficiente. Que lhes confira proteção e segurança.

(Socorro Melo).