Comecei me encantando com as
fábulas dos Irmãos Grimm, e daí foi um passo para mergulhar nas revistinhas.
Investiguei o Clube do Bolinha e tempos depois dei de cara com a moedinha nº 1,
na Caixa Forte do Tio Patinhas. Os
cabelos arrepiaram na caça aos fantasmas junto com a turma do Salsicha e
Scooby-Doo. Sonhei horas e horas acordada, revivendo as lindas histórias de
amor, dos “fotoromanzi” de Grande Hotel e Kolossal, e me via andando pelas ruas
de Roma, Gênova e Veneza. Enterneci-me com a pureza de Inocência, e a suavidade
da Moreninha. Confesso que ainda não estava preparada para enfrentar a
realidade do Cortiço, nem o racismo desumano do Mulato e fiquei chocada, mas,
Olhei os lírios do campo e recobrei novas forças. Chorei pelo desencontro de
Romeu e Julieta. Questionei-me sobre o sentido da vida na Ira dos Anjos. A
bordo da Operação Cavalo de Tróia 4, conheci Nazaré, e me hospedei e convivi
com Maria, uma mulher de fibra. Desaprovei a Conspiração Franciscana, pois,
tudo tem limite. Torci para que Hercule Poirot, desvendasse de uma vez o
mistério do Expresso do Oriente, e senti-me instigada com a sagacidade de
Sherlock Holmes. Indignei-me com o Crime do Padre Amaro, e com as chantagens da
governanta do Primo Basílio, mas raiva maior foi ver derramado (saqueado) o
sangue (riquezas) das Veias Abertas da
América Latina, e descobrir, com tristeza, a História da riqueza do homem.
Impressionou-me o empreendedorismo de Mauá, o empresário do Império. Vi a
melancolia e a inércia de uma família durante Cem anos de solidão. Descobri o
Sétimo segredo de Irving Wallace, e deparei-me com o Símbolo perdido da
Maçonaria. Li o Diário de Anne Frank e entendi o valor da esperança. Ouvi as
Confissões de Santo Agostinho. Enveredei pelo Caminho de Perfeição de João da
Cruz e Teresa de Ávila. Compreendi o que significa amizade pura e verdadeira no
Caçador de Pipas e no Menino do pijama listrado. Conheci um pouco da verdadeira
história do meu País em Casa Grande e Senzala. Senti-me amargurada ao me
conscientizar da maldade humana nos versos de Navio Negreiro. Indignei-me com o
Triste fim de Policarpo Quaresma. Senti horror a Mefisto (nazismo).
Identifiquei-me com a História da alma de Teresa de Lisieux. Bebi da fonte do
povorello, O irmão de Assis. Admirei-me com a nobreza de Lucano, São Lucas,
grande Médico de homens e de almas. Abominei comportamentos dos protagonistas
de o Queijo e os vermes. Enojei-me da ditadura militar, senti pela vida de
Vlado Herzog e tantos outros... Vi o terror estampado nas ruas de Pompéia...
Todavia, nada me impressionou mais do que a ternura, a bondade, a autoridade, a
compaixão, a fraternidade, a poesia de Jesus, o filho do homem, sob a ótica de
Gibran. Enfim, procuro me conformar à
Imitação de Cristo, para um dia desfrutar da Vida para além da morte. Ler é
viver.
(Socorro Melo).