Parabéns, meu querido, meu velho, meu amigo!
Este post é dedicado ao meu pai, neste dia do seu aniversário
Meu pai sempre teve fascínio pela terra. Mesmo trabalhando como operário, na indústria, era imprescindível, para ele, cultivar uma pequena faixa, todo ano, de milho e de feijão, muito mais por gosto, do que por necessidade.
Era madrugada ainda quando ele saía de casa, munido de suas ferramentas, para preparar o terreno para a semeadura. Quando o trabalho não lhe permitia essa dedicação, contratava pessoas para desempenharem o serviço.
As chuvas de março tinham para ele um grande significado, segundo dizia, pois, garantiam a colheita do milho no período das festas juninas.
Certo dia levou-nos, eu e meu irmão, para ajudá-lo a semear. A faixa de terra preparada, não era tão grande, mas, aos nossos olhos de pré-adolescentes, parecia enorme. Papai circulava de um lado para outro, tomando providências, e percebia-se pela desenvoltura e pela satisfação, o quanto se sentia integrado ao campo.
De enxada na mão, punha-se a abrir pequenas covas na terra, enquanto eu e meu irmão, deitávamos as sementes. Era rápido e ágil, e aos poucos o terreno ia se encrespando, e tomando nova forma.
Advertia-nos a colocar uma determinada quantidade de sementes, de milho e de feijão, em cada cova, e deixava claro que se colocássemos mais que o recomendado, ele saberia.
No início aquela tarefa nos parecia divertida. Eu escolhia uma fileira de covas e meu irmão uma outra, e até disputávamos, para ver quem terminava primeiro. Depois de certo tempo, porém, já cansados, e sem mais interesse pela “brincadeira”, tentávamos apressar, para nos desincumbirmos logo daquela missão.
Curioso é que quanto mais semeávamos, mas, meu pai abria covas. O terreno parecia não ter fim, e a nossa paciência, ao contrário, já se findara há muito tempo.
Com o objetivo de acabar com as sementes que portávamos, jogávamos uma quantidade maior, nas covas, do que aquela que meu pai recomendara, mas, para surpresa nossa, quando se esvaziava a bacia que carregávamos nas mãos, com as sementes, ele nos dava mais e mais. E ainda insinuava que estávamos indo muito rápido, e que ele saberia se estivéssemos estragando as sementes.
Ficávamos intrigados, e imaginando como ele adivinharia, porém, fazíamos as nossas peraltices, na esperança de nos desocuparmos.
Numa ocasião, quando chegou o tempo da colheita, e voltamos lá na plantação com papai, ansiosos para colher espigas de milho verde, ele se voltou para nós, e disse carrancudo: vocês jogaram mais sementes do que eu mandei. Ficamos boquiabertos. Como ele sabia? Quem lhe contou? Será que o Curupira, que habita as matas, e protege a vegetação, havia dado com a língua nos dentes?
Ficamos constrangidos, porém ele, percebendo a nossa ingenuidade, tratou de esclarecer: disse-nos que, as sementes germinam e brotam, e a planta cresce, e que pela quantidade de pés, de feijão ou milho, nascidos em cada cova, ele avaliava a quantidade de sementes que ali foram plantadas. Sorria de nós, como se fossemos dois bobos, e éramos, pois, mal podíamos acreditar, que as próprias sementes, nos traíam.
Por muitos anos ele mexeu na terra: limpou, cuidou, plantou, e esperou chuvas com ansiedade, e viu rebentarem frutos. E quando colhia, se encantava, com a generosidade da terra, que dava sempre muito mais do que o esperado.
Por Socorro Melo
Feliz aniversário, Sr. Luiz! E que Papai do céu conceda-lhe vida e saúde, para que possamos desfrutar da sua companhia, por muitos e muitos anos.
Da nossa família, que muito o ama, com todo o carinho.
Feliz aniversário, Sr. Luiz! E que Papai do céu conceda-lhe vida e saúde, para que possamos desfrutar da sua companhia, por muitos e muitos anos.
Da nossa família, que muito o ama, com todo o carinho.