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Há vida lá fora. Posso
ouvir o barulho. Às vezes ele é ensurdecedor. Há vozes. Tantas vozes. Elas
nunca parecem agradáveis, ou amigáveis.
São estridentes, autoritárias, egoístas. Nunca são suaves ou
conciliadoras. São as vozes do mundo. O mundo gira, no tempo. Mundo e tempo
giram juntos. O mundo muda, a cada instante. O tempo não. O tempo segue sua
rota, no mesmo ritmo, implacável. E vamos juntos, nessa marcha, girando com
mundo e tempo. É como um vento que nos leva. E nem sabemos aonde vamos. Mas,
há uma última estação, a estação do tempo. O mundo gira e vai modificando as
coisas, chamam a isso de evolução. Tudo muda, todo dia, o tempo todo. O mundo acelera e tenta ganhar tempo, mas,
o tempo não pára, não atrasa, não espera. O vento açoita o tempo.
Há uma força que
avança, nunca retrocede. Tudo é fugaz. Efêmero. E a vida é agora. Há vida aqui
dentro. Há um sol que se levanta, toda manhã, aqui dentro. Um sol que desperta
o vigor, a coragem, a ousadia, a sabedoria e a fé. Um sol que determina, que
impulsiona, que instiga. Um sol que se debruça sobre o nada, que lança seus
raios no horizonte longínquo, que revela sentimentos bons. Um sol que ajuda a
construir, dia após dia, a edificação dessa vida, aqui dentro.
Também aqui dentro há
vozes. Muitas vozes. As vozes do mundo que transpõem a barreira e chegam aqui
dentro. Elas confundem, atrapalham, dispersam. Mas, há uma voz que se ergue,
que é única. Inconfundível, firme, resoluta. Ela faz calar as outras vozes.
Apazigua, serena, direciona. Ela é singular. Faço silêncio para ouvi-la. Sua
melodia cala as outras vozes. As outras, são somente as outras. Silêncio. Ouço essa
voz. Ela fala dentro de mim. Porque existe vida aqui dentro.
Socorro Melo 21/04/2016