Pegadas de Jesus

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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

MOSSORÓ, A CIDADE QUE ESCORRAÇOU LAMPIÃO


Memorial da resistência

Cinco e meia da tarde daquele 13 de junho de 1927, ouviram-se os últimos disparos. No pátio externo da Capela de São Vicente, um cangaceiro morto é a maior prova da derrota imposta por Mossoró ao rei do cangaço. Era a primeira vez que Lampião saía escorraçado de uma luta. Seu Dionísio Pereira tinha 23 anos quando o bando invadiu a cidade, e lembra bem do pavor que causou. "Era tiro demais", recorda. Mas, a maior lembrança é a do corpo do cangaceiro Colchete estendido na frente da Capela de São Vicente. "Eu cheguei a guardar uma orelha, que foi arrancada pelo tiro, mas não sei onde foi parar", diz.

A resistência mossoroense ao bando de Virgulino Ferreira aconteceu sem apoio da polícia. Quando soube que o cangaceiro queria invadir a cidade, o prefeito Rodolfo Fernandes comprou armas e munições e as entregou a quem quisesse lutar. E foram muitos os voluntários.

No dia 12 de junho, o prefeito recebeu um bilhete assinado pelo coronel Antônio Gurgel, que havia saído de Natal com destino a Mossoró para buscar os parentes e foi seqüestrado pelos cangaceiros. O bilhete era claro: "Caro Rodolfo Fernandes, desde ontem estou aprisionado do grupo de Lampião, o qual está aquartelado aqui bem perto da cidade. Manda, porém, um acordo para não atacar mediante a soma de 400 contos de réis. Penso que, para evitar o pânico, o sacrifício compensa, tanto que ele promete não voltar mais a Mossoró". Ao que o prefeito respondeu: "Antônio Gurgel, não é possível satisfazer-lhe a remessa. (...) Estamos dispostos a recebê-los na altura em que eles desejarem. Nossa situação oferece absoluta confiança e inteira segurança". Era ousadia demais para Lampião, que escreveu, de próprio punho, um bilhete decisivo: "Cel. Rodolfo. Estando Eu até aqui pretendo Dr. já foi um aviso, ahi p o Sinhoris, si por acauso rezolver, mi, a mandar será a importança que aqui nos pede, Eu invito di Entrada ahi porem não vindo essa importança eu entrarei, até ahi penço que adeus querer, eu entro; e vai aver muito estrago por isto si vir o Dr. eu não entro, ahi mas nos resposte logo".

Determinado, o prefeito deu a resposta que seria o estopim para o início da batalha. "Virgulino Lampião, recebi o seu bilhete e respondo-lhe dizendo que não tenho a importância que pede. (...) A cidade acha-se firmemente inabalável na sua defesa, confiando na mesma." Na tarde do dia 13 de junho, começou a chuva de balas entre o povo da terra de Santa Luzia e os cabras de Lampião. Eram pouco mais de 80 cangaceiros contra cerca de 200 mossoroenses. Durante uma hora e meia, a população resistiu às investidas dos cangaceiros. Colchete foi acertado por um tiro que lhe arrancou a cabeça. Jararaca, um dos principais homens de Lampião, saiu ferido no peito e na perna. Lampião e seu bando fugiram. Fim do ataque e começo de uma história que iria se espalhar por todo o Nordeste e marcar o início da queda do rei do cangaço. Segundo alguns historiadores, a derrota foi pressentida por Virgulino ao avistar as torres das igrejas de São Vicente, Alto da Conceição e Matriz de Santa Luzia. "Cidade de mais de uma torre não é pra ser tomada", teria dito antes da invasão.

Fonte: Revista Brasileiros.Com


No mes de junho, na cidade junina, em Mossoró, é encenada a peça "Chuva de balas no país de Mossoró", para rememorar o feito dos mossoroenses, quando da resistência ao grupo de Lampião, o rei do Cangaço.

12 comentários:

pensandoemfamilia disse...

Oi Socorro
Interessante o relato, estive em Mossoro, quando universitária. estive no Projeto Robdon na cidade de Patu, e no final de semana, os grupos se encontraram nesta cidade.

bjs

Bordados e Retalhos disse...

Adorei saber um pouco mais dessa história, que também é minha, pois faz parte da história do meu povo e do meu país. Bjs

Élys disse...

OI, Socorro
Gostei de ler este relato sobre a queda de Lampião em Mossoró, fato marcante da história desse nosso Brasil e dessa linda região que é o Nordeste.
Um abraço.

© Sara Marques disse...

Leci Querida!
Tem um selinho te esperando lá no Saracotear...
Bjs.

© Sara Marques disse...

Querida Amiga Socorro1
Tem um selinho te esperando lá no Saracotear...
Perdoe-me a troca...rs
Bjs.

Unknown disse...

Bonito texto.

Beijo.

Claudia disse...

Olá Socorro!
Que bacana estes blogs...a gente vai se encontrando e se deliciando. Sou de SC mas adoro o nordeste e achei o máximo tua postagem sobre Mossoró. Vou mandar para minhas amigas do RN. Sou aromaterapeuta... Bjs Cláudia
http://claudiaroma.blogspot.com

Bombom disse...

Gostei muito de conhecer este pedaço da História do Nordeste. Fez-me saudades do tempo em que por aí andei a descobri-lo, há 10 anos. Alugámos um carro e, com um Guia Michelin, fomos por aí a cima até Fortaleza. Conhecemos recantos, praias e prainhas, resorts, Recife, Olinda, João Pessoa, Natal, Canoa Quebrada, eu sei lá! Adorámos! Que saudade! Ah! um recado para o Alê!
Não venha de bermudas e T-shirt velha! Pode acontecer-lhe como a nós que, como os homens vinham de calções à vontade, recusaram-nos a estadia numas Termas com um ar Chic! E tivémos de dormir uma noite num hotel muito "manholas", com medo de sermos assaltados de noite!!! Bjs. Bombom

welze disse...

beleza de postagem. uma aula e tanto. bom dia

chica disse...

Interessante,Socorro.Bela e elucidativa postagem.beijos,tudo de bom,chica

Ronda disse...

Olá Socorro,
Este é um post que trás cultura para a blogsfera. Muito bacana conhecer esta história de valentia do povo de Mossoro contra o rei do cangaço.
Abraços!!

Silenciosamente ouvindo... disse...

Falta no momento pessoas dispostas
a lutar por causas.
Agora tudo se encolhe...
Enfim...anda tudo deprimido.
Um prazer estar aqui.
Saudações
Irene