Aprecio fins de tardes. Eles exercem um poder sobre minha
sensibilidade. Deleito-me com o belo que deles advém. Hoje vivi uma tarde inesquecível, digna de
nota. Não porque tenha sido soberba ou extraordinária, mas , porque foi simples
e encantadora.
Éramos doze, e íamos conhecer um lugar especial, fruto de um
projeto sonhado junto.
Vivenciamos uma manhã produtiva, compartilhada, e agora deslizávamos pista à fora rumo ao
nosso cantinho.
Adentramos por uma estradinha de terra, e enquanto
avançávamos, nuvens de chuva mudavam as características do tempo.
Em poucos instantes caía uma chuva fina.
A estrada era ladeada por cercas de madeira com arame
farpado, e de um lado e outro víamos os rebanhos pastando e o mugido dos
animais. O verde já coloria parte da vegetação, atingida severamente pelos sete
anos de seca na região.
Avistamos ipês amarelos,
jasmins brancos, flamboiãs, e outras espécies de flores silvestres que
íam ficando para trás enquanto seguíamos nosso caminho. A névoa nos envolvia
cada vez mais.
Passamos pelo Riacho do Mel, subimos a Serra do Sapato, até
finalmente desembocarmos em Várzea Grande, nosso destino. Ficávamos imaginando,
e tentando adivinhar, o porquê do nome de cada um desses sítios.
De um lugar alto, tínhamos a visão geral do terreno que fomos
visitar. Era amplo e acidentado e enriquecido por grandes árvores, algumas
frondosas. Víamos cajueiros, umbuzeiros, e mais algumas que não saberia
nominar.
A chuva se intensificou, o que não nos desestimulou.
Percorremos o imenso terreno com alegria e espírito de aventura, sem nos
importar com a lama, com o frio, ou o que quer que fosse. Sonhávamos juntos com
o nosso projeto, e apontamos para cada direção em que imaginamos devam ser
construídos os futuros prédios.
O silêncio era a riqueza daquele lugar, só quebrado pelas
nossas próprias vozes, ou pelas vozes da natureza. A chuva cessou, porém a
neblina se intensificou.
No caminho de volta víamos apenas as sombras das árvores, dos
animais, e das casas. Tudo estava coberto de branco. Uma chuva fininha se fazia
ouvir, de forma harmoniosa, numa cadência mais que perfeita. Era uma visão
mágica. Um quadro pintado pelo Criador. Um mimo
para os nossos olhos. Um fim de tarde que Deus nos concedeu a graça de apreciar o belo,
o inestimável. Um fim de tarde envolto em neblina.
Por Socorro Melo, 12 mar 2017
3 comentários:
Que lindo passeio esse e também gosto dos fins de tarde..Valeu e foi muito bem descrito aqui! bjs, ótimo fds! chica
Bom dia minha querida. Parabéns pela linda postagem no Novo Pentecostes. Lá como aqui sua marca indelével. bjs.
Um momento mágico descrito com profunda poesia querida Socorro
E que o sonho de vocês seja logo uma realidade
Beijos e um ótimo domingo
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