Nunca se viu um
número tão grande de música (música?) vulgar e sem qualidade como o que se vê
atualmente. E o que mais me admira, ou assusta, é que o público ouvinte é bem
diversificado. Se fossem apenas os jovens, sem cultura, que gostassem, eu
tentaria entender, no entanto, fico pasma com a quantidade de pessoas, adultas
e até idosas, que apreciam a baboseira que se lança por aí.
Não sei se devo
sentir raiva ou pena. Pelo tipo de música que uma pessoa gosta, pode se
identificar muito da sua personalidade.
A falta de
criatividade e de poesia nas letras, do que se canta, é impressionante, sem
falar que o ritmo é um só, e não existe, portanto, melodia. Mas, para qualquer
novo “talento” que se lance no mercado, seguem-no multidões.
Os tais
“talentos” lançam moda. Aquilo que usam nos shows é copiado por muitos fãs, com
grande orgulho. Estilos de danças são criados a cada momento, cada um mais
vulgar que o outro. E, comumente vemos
idosos e pessoas aparentemente
equilibradas, remexendo-se de forma obscena, em qualquer lugar público, ao escutarem os tais sucessos.
Tudo é
exagerado. Tudo é apologia ao sexo explícito. As pessoas cantam, naturalmente,
em público, alguns refrões pejorativos, que eu me envergonharia de fazê-lo. Mas
é a moda. É o que há de mais moderno. Perdeu-se a noção do ridículo.
Vulgaridade. No
dicionário um dos significados do termo vulgaridade é: aquilo que não tem nada
que o faça destacar-se, e também, que não se distingue dos seus congêneres.
Estes
significados nos fazem pensar duas coisas: primeira: o que ou quem, não
tenha nenhum valor, não tendo o que oferecer, quando se arvora em fazê-lo, o
resultado é semelhante ao nosso assunto em questão. O vulgar é comum, não
aparece, não brilha, não se distingue. A segunda versão é: será que o
dicionário precisa ser atualizado? Pois, o vulgar tomou proporções
excepcionais, está em evidência, tem seu brilho próprio, e se distingue,
claramente, de tudo o que se possa imaginar. Infelizmente, de forma vulgar.
Certo dia fiz
uma pequena viagem, num transporte alternativo, e o condutor do veículo colocou
um DVD
(cortesia aos seus clientes) de uma coletânea de shows dessas bandas
vulgares, que eu abomino. Como não tive opção de não ver, e de não ouvir,
relaxei, e passei a observar, sentindo que me enojava a cada nova apresentação.
A vulgaridade
começa pelo figurino. Depois veem as danças, os cenários espalhafatosos, e
concluindo, as letras depreciativas.
Em um dos tais
shows, me chamou a atenção uma mulher, que fazia parte do coro de uma das
Bandas. Sem exageros de minha parte, ela deveria pesar uns noventa quilos
aproximadamente. Era jovem, tinha um cabelo bonito, mas envergava um mini
vestido, tão mini e tão justo, que eu sinceramente, não sei como ela conseguiu
entrar nele, ou ele nela. Pernas de fora... e pronto, perfeito! É o que o
público gosta. Fiquei chocada.
O que vi, foi
algo desagradável e sem harmonia. Repito: perdeu-se a noção do ridículo. No meu
entender, o que deve se sobressair num show artístico é a arte, no caso em
questão, a música, e não os artistas. É lógico que devem cuidar da
aparência, mas essa, deveria ser simples, pois o simples é belo e elegante.
Entanto, nesse caso, não me surpreendo, pois a ineficiência e o mau gosto andam
de mãos dadas.
E indignada
percebi, enfim, que esses aparatos, esses modelos radicais, são subterfúgios
para disfarçar a má qualidade do que se tem a oferecer. Em contrapartida, os
bons músicos, aqueles que são de fato talentosos, enfrentam um sem número de
dificuldades para se firmarem na carreira, e divulgarem os frutos do seu
trabalho, ressalte-se: de boa qualidade. Cada dia me decepciono mais com o que se chama cultura no Brasil.
Por Socorro Melo
Um comentário:
Oi Socorro
Nem vou procurar palavras para escrever o que penso porque eu não conseguiria ser tão eloquente. Penso como você
O ridículo e a vulgaridade imperam nos meios artísticos.
Uma tentativa frustrada e frustrante de angariar a atenção
Mas o que mais triste estão conseguindo arrebanhar uma multidão totalmente sem noção
Beijos
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