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Crise existencial. O que entendo por isso? Um confronto
entre eu e eu mesma. Sei que existe uma vasta literatura sobre este assunto, que
aprecio e também sei que encerra verdades, porém, quero analisar por mim mesma
o que acontece comigo neste tedioso momento.
Parece que sou apresentada ao pior de mim mesma. Sou
obrigada a enxergar uma realidade que me deprime. Às vezes até penso que essa
realidade é fantasiosa, mas, neste momento ela é muito real.
Perco o encanto por muita coisa. E até a esperança de que
determinadas coisas mudem. Decepciono-me com atitudes que ao meu ver são
perversas.
Fico triste. Sisuda. Só consigo trocar poucas palavras. Não
percebo apenas os meus defeitos, mas, do mundo todo. Parece que há um complô
contra mim.
É estranho, mas, sinto que sou pesada a mim mesma. Fica
difícil carregar o pessimismo. O poeta tem razão, quando diz que, cada um sabe o pesar e a delícia de ser o
que é.
Questiono minhas perdas e até meus ganhos. Questiono os
valores nobres que defendo. Parece que uma cortina de fumaça encobre o sol da
minha vida.
É difícil lidar com a vida, neste momento. É preciso auto
controle. Pois que, vêm à baila tudo aquilo que abomino. Faz com que me frustre
e me decepcione com a humanidade inteira.
Penso que estou ficando maluca, ou depressiva, mas, sei que
não. A sagrada Escritura diz que maldito
é o homem que confia em outro homem. Pelo cenário do mundo hoje, tão moderno, e
ao mesmo tempo tão antigo, pois, a história se repete, as barbaridades também,
percebo o ser humano como alguém capaz de muita maldade. O mundo gira em torno
do ter, do poder e do prazer.
A vaidade e o egoísmo mandam e desmandam. A falsidade corre
solta. Cada um quer salvar seu rabo e os outros que se danem. Os discursos politicamente corretos são apenas máscaras torpes.
Não importa que crianças morram de fome ou trucidadas pela
violência em meio a guerras insanas ou em campos de trabalhos forçados, que
sejam mutiladas, que usem drogas, que sejam abusadas sexualmente.
Na verdade tudo é relativo, até Deus, segundo a modernidade.
E as construções sociais são tão ridículas que parecem fantasias, mas, há quem
preze, quem concorde, quem professe. Ideologias. Qualquer babaca que tenha
dinheiro e notoriedade é filósofo. E tem mais, se arvora de Deus e induz as
massas desorientadas a seguirem de olhos fechados por caminhos abissais.
Tecnologia, ciência, tecnologia, arte, tecnologia,
intelectualidade… E a humanidade vivendo talvez o pior de sua decadência moral.
Pra que moral? Tudo é permitido. Só não sei porque as clínicas psiquiátricas
estão cheias, e porque as drogas vitimam uma quantidade absurda de pessoas. Mas, tudo bem é a modernidade.
Claro que cada um tem o direito de escolher o que quer, pra
isso temos livre arbítrio. Mas, por que esse tal de livre arbítrio só induz as pessoas
a fazerem o mal, a se auto destruírem? Tem algo errado aí. E não estou querendo
entrar no mérito de nada não. Apenas percebo que a humanidade é burra. É
insuficiente. É maldosa.
Meu país se torna um lugar hostil pra se viver. A corrupção
impera, a burrice também. Nunca vi tanta ignorância num povo só. Temos quase tudo pra ser uma Nação equilibrada, só nos
falta brio e educação.
E vamos engolindo tudo o que a mídia corrupta nos empurra
goela abaixo. A juventude, com raras
exceções, é um bando de retardados sem objetivos concretos na vida, a não ser
ganhar dinheiro fácil e notoriedade. Não existem mais ideais nobres. Todos parecem ser
apenas um pedaço de carne exposto a quem dá mais, nas vitrines da vida. E a trilha sonora? Um lixo. E a mídia corrupta contribuindo para isso.
É, penso que não é sem razão ter crise existencial nesse
século. De falta de respeito e de amor. Falando sério, o que é mesmo o amor?
Alguém já ouviu falar nisso? Ah, é uma utopia… É coisa de gente maluca e ignorante, de
iletrados, sem cultura… Amor, só o que faltava.
Pois é, ainda existem alguns retrógrados como eu, que acreditam no amor, e que tentam
praticá-lo, apesar do ridículo. Mas, vez em quando me questiono se sou sã
mesmo, acreditar em algo tão demodê.
Curioso, é que quando as vítimas da modernidade se dão conta
do mundo de ilusões em que vivem, quando se deparam com a vida, como ela é, só
conseguem se curar, pasmem, com amor.
Bem, vou ficando por aqui, na minha loucura, curtindo um
pouco mais a minha crise existencial, tentando entender o maior dos mistérios,
eu mesma.
Não me arvoro em julgar o mundo, se nem meu mestre o fez,
mas, como não sou perfeita, como Ele, penso que o mundo está carecendo de vergonha
na cara. A coisa está assim: safe-se quem puder! (Lia Mel)
"Enquanto você se esforça pra ser
Um sujeito normal e fazer tudo igual,
Eu do meu lado aprendendo a ser louco,
Um maluco total, na loucura real.
Misturada com minha lucidez,
Controlando a minha maluquez,
Vou ficar, ficar com certeza, Maluco Beleza,
Eu vou ficar, ah! Ficar com certeza, Maluco Beleza. "
(Raul Seixas)