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Quando Alfredo chegou ao limiar da porta, Luísa se aproximou, e com a voz
entrecortada, demonstrando certo nervosismo, falou:
- Não me sinto bem. Tive pesadelos esta noite. Estou com o coração
apertado, um mau pressentimento... Por favor, Alfredo, tenha cuidado.
Alfredo voltou-se, olhou para Luísa negligentemente, e disse:
- Não se preocupe, não vai acontecer nada. Vá descansar, pois, você não
dormiu bem, e por isso está ansiosa.
Saiu, puxando a porta, e dirigiu-se para o carro, que estava estacionado
à frente de sua casa. Já era quase sete horas da manhã, e teria que cruzar toda
zona Norte em direção ao Leste, onde se situava a empresa que trabalhava.
Estava bastante eufórico, tendo em vista que seria seu último dia de
trabalho na Distribuidora. Sabia que sentiria falta dos colegas, dos
companheiros, como costumava chamá-los, mas, já cumprira seu tempo, e agora
planejava dar um novo rumo à sua vida, fazer coisas que nunca fizera; viver da
forma que sempre sonhara, ou simplesmente descansar.
Alfredo Correia era o seu nome. Viera do Nordeste, do sertão
pernambucano, trazido por uma seca brava que assolara a região, há 37 anos.
Contava dezoito anos quando chegou a São Paulo, fugindo da fome, como tantos
outros conterrâneos seus.
No início foi difícil, quase impossível, a adaptação. Sentira muita falta
de sua terra, de sua gente, e foi acometido do mal de banzo. Era muito jovem,
sem nenhuma experiência de vida, ou profissional, e tudo contribuíra para
aumentar sua desventura.
Morou em favelas, passou fome, foi estivador, trabalhou em atividades
insalubres, perigosas, mas, se sentia recompensado quando, a cada fim de mês,
mandava uns trocados para a família, que ficara no Nordeste, e que dependia
basicamente do que ele mandava, para sobreviver.
3 comentários:
Bela introdução.Vamos esperar o desenrolar! bjs, linda semana,chica
Uma vida sofrida.
Um abraço e uma boa semana
Assim acontece co muitos. Aguardamos o desenrolar do conto.
Um abraço.
Élys.
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