Imagem da Net
Desorientado, ainda, pelo desagradável incidente, falou asperamente, se
voltando para o carro à sua frente:
-
Que maluquice é essa? Todavia, mal acabara de proferir
as palavras, a cabine do caminhão foi invadida por três homens armados,
encapuzados, que o puxaram violentamente para fora.
Alfredo, trêmulo, ainda conseguiu balbuciar algumas palavras:
- O que é isso? Mas, logo se
calou, pois, sentiu que as circunstâncias não lhe eram favoráveis.
Recebeu uma coronhada na cabeça, que o deixou zonzo, e o aviso de que não
mais se dirigisse a eles. Vendaram-lhe os olhos, enfiaram um saco por sobre sua
cabeça, e o colocaram de volta no caminhão, só que dessa vez, atrás do banco da
cabine.
Os homens ocuparam os assentos, tomaram a direção, e o caminhão começou a
movimentar-se, deixando para traz o carro branco que os conduzira até ali.
Alfredo, dentro do saco, tremia tal qual bambu açoitado pelo vento.
Sentia doer-lhe todos os músculos do corpo, e respirava com grande dificuldade.
No entanto, o medo que sentia, neutralizava toda e qualquer dor. Não conseguia
raciocinar direito, e custava-lhe crer que tudo aquilo lhe estivesse
acontecendo. Quando tentava encontrar uma posição mais confortável, e fazia
algum movimento, sentia a mão de um dos bandidos a lhe empurrar a cabeça, para
baixo, para que ficasse agachado por completo.
Vez por outra ouvia a voz dos marginais, nitidamente, e ficou
petrificado, quando os ouviu dizer que o melhor seria eliminá-lo.
E nessa agonia permaneceu por muito tempo, horas a fio, já não tinha
idéia de quantas, pois, estava desnorteado, dolorido, e consumido pelo medo e
pela tensão.
De
repente, o caminhão parou. Alfredo ouviu o barulho das portas se abrindo, e foi
tomado de pânico.
Chegara sua hora: pressentia. Pensou em Luísa, em quanto
tempo não dizia que a amava; não lhe fazia um agrado, um carinho, não saíam
juntos...
Pensou nos filhos, no pessoal da Distribuidora, na família que o aguardava
lá em Pernambuco, no sítio que nunca iria desfrutar; que ficaria só nos seus
sonhos, e começou a chorar.
Não saberia dizer quanto tempo ficou ali, sozinho,
à espera do que iria lhe acontecer.
3 comentários:
Quanta violência.Pobre homem e pena acontece muito nos nossos dias! bjs, chica
Estava à espera de qualquer coisa do gênero. Só a intervenção divina o pode salvar. Será que Nª Sª da Aparecida de quem é devoto, não vai ajudar?
Um abraço
Após ler e comentar a primeira parte, hoje li a segunda a terceira e a quarta parte e observo que escreves um conto que prende a gente em sua leitura. Estou gostando muito.
Um abraço.
Élys.
Postar um comentário