Pegadas de Jesus

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segunda-feira, 24 de abril de 2017

CONTO: O ÚLTIMO DIA - PARTE 2


Imagem da Net

Vez por outra divagava, e ficava pensando em como gostaria de ter estudado, de ter se profissionalizado, mas, lhe faltaram oportunidades. Era alfabetizado. Lia razoavelmente bem, porém, tinha grande dificuldade para escrever.
O burburinho e o barulho dos caminhões, à entrada da Distribuidora, arrancaram Alfredo de seu devaneio. Encostou o carro no estacionamento, e olhando para o cenário com antecipada saudade, se encaminhou até o Setor de Transportes, para receber as instruções do dia.
Curiosamente pensou no que Luísa falara, no mau pressentimento, e sentiu um arrepio, uma sensação desconfortável, e automaticamente puxou a medalhinha de Nossa Senhora de Aparecida, que carregava pendurada ao pescoço, beijou-a, e em pensamentos, pediu proteção.
Ao entrar na sala, teve uma emocionante surpresa. Os colegas de trabalho prepararam-lhe uma festa de despedida, e o acolheram com gritos e palmas, além das piadinhas costumeiras, que tornavam aquele ambiente tão agradável.
Todos o abraçaram, desejaram votos de felicidade e prosperidade, trocaram endereços e telefones, fizeram promessas de visitações, lembraram fatos antigos, riram das coisas engraçadas, falaram com respeito das coisas sérias, e despediram-se.
Alfredo agradeceu a todos, e saiu com lágrimas nos olhos. - eu hoje estou frouxo – pensou e sorriu.
Portando na mão a Nota Fiscal, dos produtos que iria fazer entrega durante o dia, o seu último dia, saiu em direção ao caminhão em que trabalhava.
Antes de entrar na cabine, deu umas palmadinhas na porta, como se estivesse se despedindo do seu velho companheiro de jornada.


2 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Continuo a gostar desta história, embora também eu esteja com um mau pressentimento.
Oxalá me engane.
Um abraço

chica disse...

Acompanhando e gostando! bjs, chica